““A amizade
acaba quando você descobre que o amigo era apenas você”
Autor
Desconhecido
Lucas e Bruce se encaram por alguns segundos. O
clima naquele local não estava dos melhores. Eu sabia que teria que interferir.
Era hora de mostrar a todos esses “fantasmas do passado” quem eu era nesse
momento.
— Você joga tênis? Que jogada mais óbvia essa... —
provoca Lucas.
— E o que você sabe sobre tênis?
— Assisto vez ou outra na televisão... — dá uma
risadinha sem graça.
— Vejo que você nada sabe sobre isso. Está apenas
tentando ganhar tempo pra me distrair!
— Droga! — pensa Lucas.
Bruce diz que já havia esperado tempo demais. Ele
faz vários movimentos com a raquete e várias bolas são rebatidas em todas as
direções daquele quarto. Eu não sei se essas bolas ou a raquete eram especiais,
mas se transformaram em armas nas mãos dele. Isso é realmente lamentável.
Aqueles corpos redondos amarelados recebiam energia suficiente pra triplicar
sua velocidade e ser atingido por isso não seria nada bom.
— Léo! Apesar dos seus amigos serem intrusos, os
deixarei ir embora se vier comigo.
— De jeito nenhum...
— Sabia que não cederia tão fácil. Não importa! Meu
dever é te capturar.
Bruce rebate uma bola especial que acaba atingindo a
perna de Amanda. Ela cai e tenta disfarçar a dor logo que perguntei se estava
bem. De repente James e Marky são atingidos também e Lucas tenta se defender
com a tábua, mas a bola a perfura de tão forte e o atinge. Bruce não estava
brincando e até eu acabei sendo atingido no ombro. Como aquilo doía! Se ele
aumentasse mais ainda a força com que rebatia, aquilo perfuraria o corpo de
alguém. Tinha um potencial assassino e isso não combina com o Bruce que eu
conheci no passado. Aliás, esse era o maior problema. Eu tinha que me lembrar
que as coisas não eram mais como antes. O Bruce calmo e tonto parecia ter
ficado pra trás. O que eu estava vendo era manipulado e não tinha pena de
machucar meus amigos. Era hora de dar uma lição nesse caipira.
Nesse momento, todas as bolas
estavam sendo arremessadas em minha direção. Confesso que foi difícil desviar
da maioria, mas consegui sentir menos dor.
Bruce vem em minha direção e rapidamente aproveito e dou um belo soco em
sua barriga. Ele se levanta rapidamente e tenta me atingir com a sua raquete.
Eu a seguro e ficamos numa guerra em que ele tentava me atingir e eu segurando
a raquete. Observo os detalhes e percebo que é muito parecida com a que ele
usava nos tempos de faculdade. Será que ele nunca trocou? Lembro que ele sempre
foi muito apegado a coisas assim. Preciso pará-lo agora ou jamais sairei desse
lugar!
— Você nos enganou esse tempo todo,
não é? — me pergunta Bruce enquanto pressionava mais ainda a raquete em minhas
mãos.
— É aí que você se engana. Por que
está fazendo tudo isso?
— Sou fiel à amizade do Phillip. Ele
é uma boa pessoa, sempre me ajudou nesse período com o sumiço da minha irmã...
— Sumiço da sua irmã?
— Ela desapareceu e está sendo
mantida refém por um inimigo dele... Aliás... A única pessoa que é inimiga dele
é você!
— Bruce, você tem ideia do que o seu
amiguinho me aprontou? — pergunto e olho fixamente em seus olhos.
— Não e mesmo assim isso não tem
justi...
— Tem ideia do que é sofrer por uma
amizade onde só você é o amigo? Sabe o que é acreditar em alguém e ser
apunhalado pelas costas? Por acaso você perdeu quem mais amava por causa do seu
“amiguinho” que está querendo te matar e fez o possível pra destruir sua vida?
Sabe o que é ficar preso em um sanatório e sofrer vários tipos de torturas?
Imagina o que é esperar cinco anos e se desligar de todos, mudar de cidade e
reconstruir a vida? Você não sabe de nada! — grito — Você não sabe nem o porquê
realmente está ao lado dele.
Um silêncio percorre todo o recinto.
Lucas estava ajudando Amanda a se levantar. James e Marky já se aproximavam de
mim. A situação foi tão forte pra ambos que Bruce ia me acertar mesmo, porém
segurei sua raquete apenas com a mão direita e a destruí completamente.
— Seu amiguinho fez isso comigo...
Porém a raquete se reconstruiu e cansou de ser mal tratada.
— Minha Estrela! Você a destruiu!
— Aquele ser só faz “amizades” por
conveniência. Você está sendo enganado é por ele esse tempo todo e não quer se
dar conta. Pare de ver as coisas só de um ponto de vista. Você sequer quis ver
o meu lado nisso...
— Não interessa — grita — Agora já
estou aqui e preciso cumprir a minha tarefa. Você destruiu minha preciosa
Estrela, mas não se preocupe... Ainda tenho isso — retira uma cápsula de shinohana do bolso.
James segura Bruce por trás e Lucas
pega a cápsula com a droga. Bruce se irrita, joga James pra longe e segura
Lucas, que joga a cápsula nas mãos de Amanda. A garota já estava melhor e passa
para Marky que logo em seguida joga em minhas mãos. Bruce percebe que estava
sendo feito de bobo e isso o irrita.
— Pelo visto, continua com suas brincadeirinhas —
diz ele.
— Esse sou eu... Esse é o Léo de hoje...
Jogo a cápsula com toda força no chão e ela se
quebra. Bruce fica um pouco nervoso e sabia que estava encurralado. Começo a
rir e pra ele e minhas risadas se multiplicavam por todos os cantos.
— O que é isso? — pergunta muito
assustado.
— Bruce! Pare com isso! — diz uma
figura feminina que surge dentro da sala que o mesmo reconhece automaticamente.
— Irmã... Você... Você está bem e
aqui? — seus olhos se enchem de lágrimas.
— Na verdade... Não! Caipira idiota —
ela começa a rir.
Dito isso, Bruce vê sua irmã se
despedaçar como vidro e a minha risada se torna mais estrondosa. Ele se
enfurece e tenta me bater, porém ao encostar-se a mim, meu corpo se desintegra
em muitos pedaços de vidro e com isso o tenista acaba se machucando. Que tipo
de pesadelo era esse? Era horrível! Suas mãos sangravam sem parar e ele sabia
que isso o prejudicaria em seus jogos. Ele repara melhor e vê que as suas mãos
se desintegram como pedaços de vidro e ele fica sem elas. Bruce se desespera e
grita. Uma voz ecoa o local.
— Espero que tenha gostado do
sonho... Bruce...
Ele acorda e vê que estava de pé.
Nada havia acontecido e todos nós já nem estávamos ali. Bruce abaixa a cabeça e
fica pensativo. Ele sai determinado dali de dentro e some...
Estávamos a uma pequena distância dali ainda, mas já
procurávamos a saída.
— Bem pensado usar o seu olhar no momento que disse
aquelas coisas impactantes! — diz Lucas.
— Eu dei muita sorte... Bruce foi descuidado e
esqueceu o que eu podia fazer. Os outros devem ser bem mais prevenidos.
— Quer um beijinho de agradecimento? — brinca Lucas.
— Nem vou comentar... Aliás... Esse mapa está bem
confuso!
— Eu tentei entender se devemos seguir por esse beco
ou a rua ao lado, mas não entendi também — comenta James.
— Mestre! Veja aquela entrada ali no subsolo — Marky
mostra um buraco escondido atrás de um container.
— Ai... Vamos ter que entrar aí? — pergunta Amanda.
— Não querida... Vamos nos teletransportar até a
saída — ironiza James.
— Não pedi sua opinião... Velho!
— Eu tenho vinte e oito anos, sua pirralha
patricinha!
— Por favor, vocês dois! Temos que sair logo desse
lugar. Não aguento mais isso daqui. É um pesadelo e passei por poucas e boas.
Não sei nem como estou vivo até agora... Quando sair daqui quero esquecer esse
negócio de vingança. Vejam onde vocês estão metidos por causa do que eu fiz...
— Léo... Estamos aqui porque gostamos de você. O que
foi feito já passou. E nós quatro aqui sabemos exatamente o motivo de você ter
feito tudo o que fez. Aquele Phillip realmente foi o responsável — James me diz
isso segurando no meu braço.
— Gostamos muito de você, mestre. E é por isso que
arriscaremos nossas vidas se for necessário. Quero te ver sorrindo quando
sairmos daqui... Quero ver aquele sorriso que me tirou das trevas e da solidão —
diz Marky.
— Não que eu goste tanto de você ou algo assim, mas
resolvi vir pra não te deixar aqui sofrendo nas mãos desses bandidos — diz
Amanda com o rosto completamente vermelho.
— E eu acabei vindo porque não podia perder esse
evento e bem... Somos amigos, Léo! Apesar de estar sempre te zoando, eu posso
dizer que sou quase apaixonado por você — brinca Lucas.
— Palhaço... Realmente... A amizade acaba quando
você percebe que o amigo era só você... Eu perdi uma amizade falsa, mas vejo que
ganhei quatro verdadeiras. Isso é muito mais valioso pra mim agora — eu dizia
enquanto caminhávamos pela passagem subterrânea — Vamos sair daqui juntos!
Nesse momento fizemos um círculo e coloquei a minha
mão no centro. Todos entendem o recado e fazem o mesmo. Levantamos juntos e
continuamos a prosseguir. Era a nossa preparação para a glória... Ou para o terror
que estaria prestes a vir?
— Como chegaram aqui? — perguntei.
— Foi por outra rota. Aqui no Submundo nunca se deve
fazer o mesmo caminho duas vezes. De acordo com o mapa, estamos chegando ao
ponto de partida — diz Lucas.
Dito e feito. Saímos direto em um local e um carro
estava ali. Marky pede que entremos imediatamente, pois agora a outra parte
tensa estava por vir. Ela acelera com tudo que podia e o carro sai em
disparado. Me senti em uma montanha russa. De repente outro carro surge ao
fundo e começa a nos seguir. Olho no retrovisor e quem dirigia o outro veículo
era Bianchi!
— Meu Deus! E agora? Estamos sendo perseguidos pela
Bianchi! Marky, ela dirige muito bem. Tome cuidado!
— Sim, mestre — dá uma olhadinha rápida no retrovisor.
O carro de Bianchi rapidamente nos alcança e fica
lado a lado. Acho que ela estava tentando nos parar e isso não seria nada bom.
Ela é outra pessoa que eu me pergunto o porquê de estar do lado daquele
demônio. Bianchi encosta o carro perto e posso vê-la do meu lado.
— Olá senhorita, em que posso ajudá-la? — pergunto
ironicamente.
— O quê — tenta esconder uma risadinha — Você ainda
é o mesmo palhaço de antes, Léo... Bem, não posso autorizar que vocês saiam
daqui. Aquele maldito jogo da morte ainda está ocorrendo e é meu papel impedir
que o tesouro fuja.
— Acho melhor pararmos imediatamente com essa
perseguição a lá ‘polícia e ladrão’ ou algum de nós pode sofrer um acidente.
— Isso só aconteceria se você estivesse no comando
do carro — diz Lucas e ri.
— Engraçadinho! Marky,concentre-se e tente se
afastar do carro dela.
— Esse carro que o Lucas nos arrumou aqui é muito
ruim. Mal consegue passar dos cento e vinte quilômetros por hora. Tentarei
fazer o meu melhor!
— Estamos rápidos demais e essa mulher não sai do
nosso lado. Precisamos pensar em algo para distraí-la — diz Amanda.
— Ela não vai sair tão fácil... Apesar de Marky
saber controlar muito bem um carro, não estamos com o melhor e a Bianchi daqui
a pouco consegue nos ultrapassar e nos fechar. Pense Léo... Pense!
— Acho que vou ter que forçá-los a parar o carro por
mal... Que tal?
— É mesmo? E como vai fazer isso? — pergunto e olho
diretamente em seus olhos.
Bianchi consegue nos ultrapassar e joga o carro para
cima do nosso. Marky consegue desviar por muito por pouco e os dois se arranham
um no outro. Ela olha para dentro do nosso carro e vê que o banco de passageiro
da frente estava vazio. De repente, vê que eu estava dentro do carro dela.
Bianchi leva um susto imenso.
— Como é que você chegou aqui dentro do meu carro?
— Surpresa!
Bianchi olha para frente e vê que o vidro estava
todo embaçado. Era impossível ver alguma coisa e ela mal sabia pra onde estava
indo. Tentou frear o carro e no lugar do freio estava apenas um buraco. Ela faz
um desvio, controla o máximo que pode, porém como não via nada, a sua jogada
fez o carro capotar. Ela fecha os olhos com os impactos e ao abri-los vê que
estava com o carro parado no meio da pista.
— Isso foi tudo um sonho? Foi tão real! Esse poder
do Léo é realmente verdade. Preciso respirar um pouco — sai do carro e vê
marcas de pneu um pouco a frente que desviavam para dentro da floresta — Acho
que terão problemas.
Com esse
desvio fomos parar dentro da floresta e o carro se descontrola. Marky consegue
evitar que batamos em várias árvores e aquele cara que tinha me encontrado na
floresta surge de uma vez diante do carro. Ele estava com um machado e acerta a
parte da frente, porém é atingido e atropelado. Após alguns minutos numa
estrada de terra, chegamos às grades que cercavam o local. Existia uma abertura
improvisada. Provavelmente foram eles que fizeram para conseguir entrar. Marky
para o carro. Lucas recebe um alerta em seu celular e eu pergunto o que era.
Ele me olha com cara de pânico e grita:
— Pulem todos pra bem longe desse carro agora!
Ainda bem que ele havia nos alertado. Existia uma
bomba ali dentro e o carro explode. Não me machuquei e logo procurei pelos
outros. Encontrei Marky, Lucas e James. Onde estava Amanda? Meu coração bate
forte e quase entrei em desespero ao imaginar que ela podia estar ali dentro do
carro, carbonizada nesse exato momento.
— Amanda!
— Calminha aí, senhor arquiteto! Estou bem... — vem
caminhando com um pouco de dificuldade na minha direção.
— E de pensar que eu achava que você era só uma
patricinha fresca e mimada — comenta James.
— Sou mais forte do que imagina! Só não demonstro
porque prefiro expor minha delicadeza e elegância feminina.
— Ui... Que delicadeza hein, querida!
— Vocês dois não mudam mesmo hein... — comento.
— Mestre, eles estão apaixonados por você ou é
impressão minha?
— Eu estou! Sou loucamente apaixonado por ele — diz
James sem cerimônia alguma enquanto me agarra na frente de todos.
— Eu? É óbvio que não sinto nada! Prefiro deixar
esses dois homens sozinhos e... — olha com incômodo.
— Mentirosa... — zoa Lucas — Olha a sua cara. Você
está se contorcendo de ciúmes por estar vendo que o cara que você é apaixonada
joga no mesmo time que você. Olha, vamos sair pra tomar algo quando isso tudo
acabar. Vou te mostrar o que é um homem de verdade.
— Não, obrigada! Não estou interessada!
— Galera, eu sei que estão todos animados, mas não é
hora pra brincadeiras! Estamos diante de um carro que explodiu e quase nos
matou. Vamos sair logo desse lugar horrendo antes que um daqueles seguidores do
Phillip apareçam.
A sensação de atravessar aquelas grades e estar de
volta à cidade não tinha preço. Olho para trás e vejo aquele lugar obscuro. Uma
floresta com uma cidade abandonada no meio onde o caos e a lei da morte
reinavam. Nunca mais quero voltar a esse lugar!
Eu estava caindo na realidade agora. O que faria?
Não sei o que aconteceu aqui. Não sabia se eu tinha sido denunciado e a polícia
me perseguia.
— Léo, não se preocupe. A polícia foi investigar a
explosão na filial da Soldi & Succeso e até agora não encontraram provas de
que foi você quem provocou aquilo. E além de tudo... O Phillip havia
desaparecido do hospital no dia seguinte e as testemunhas dele sequer
apareceram pra deixar algum depoimento.
— Isso é ótimo! Pareço até um criminoso comemorando,
mas por enquanto é bom que as coisas fiquem assim. Aliás, como sabe disso tudo,
James?
— Bem... Eu... Eu tenho meus contatos e sou bem
informado — ri — Afinal, diz respeito à empresa que trabalho.
— Eu falei com o pessoal da empresa e nenhum deles
desconfia de você. Só que aconteceu algo que achei muito estranho — diz Amanda —
A Anne saiu feito louca da empresa quando soube que você havia desaparecido e
eu não o encontrava de jeito nenhum. Tentei falar com ela pra avisar que o
localizamos, mas ela não atendia ao celular.
— Anne? Bom... Se meus cálculos estiverem corretos,
faz uns dois dias que desapareci. O pessoal da empresa deve estar pensando que
fiquei com vergonha pelas acusações do Phillip.
— E o que pretende fazer agora, mestre?
— Irei ao meu apartamento buscar minhas coisas e pensar
no que fazer. Tenho certeza que aquele bando vai vir atrás de mim.
— Não acha perigoso voltar ao seu apartamento? —
James me pergunta.
— Nenhum deles tem o meu endereço. Sempre mantive o
meu verdadeiro como segredo até para a empresa. A única que sabia era a Anne,
por que... Bem...
— Poupe-nos dos detalhes, por favor — comenta
Amanda.
— Acho melhor todos nós irmos com você — diz Lucas.
— Não... Vou tomar um banho, comer alguma coisa
enquanto penso no que farei.
— Não está pensando em deixar essa cidade, está? —
pergunta James — Léo, você me contou toda sua história e está em liberdade do
sanatório há mais de quatro anos, porém não pode deixar a cidade por conta do
que ocorreu com você! Lembra disso tudo?
— Eu sei... Mas se contar à polícia tudo que
aconteceu, vai ser como cinco anos atrás. Eles não vão me ajudar e é capaz de
me mandarem pra lá outra vez. Preciso de provas contra quem eu acusei. Se eu
tiver provas contra quem eu acusei há cinco anos... Toda essa história estará
resolvida.
— Estarei ao seu lado, mestre! Conte comigo para o
que precisar — diz Marky.
— Obrigado. Sei que posso contar com você. Agora vou
até o meu apartamento. Agradeço a todos vocês por terem arriscado a vida pra me
salvar. Nem acredito até agora que aqui estou... Bom... Sei que vou precisar de
um tempo pra pensar, mas... Querem vir ao meu apartamento amanhã à noite?
Todos concordaram em me fazer uma visita no dia
seguinte e eu fiquei de telefonar assim que chegasse. Já era tarde da noite e
eu caminhava pelas ruas desconfiado de tudo e todos. Estava louco pra chegar em
casa e descansar. A minha última noite foi dopado e amarrado em um poste. Eu
estava com dores no corpo até agora.
O porteiro
ficou surpreso ao me ver e diz que alguém veio me procurar durante esses dois dias.
Não dei muita atenção e disse que depois falaria com ele. A minha sorte era ter
uma cópia extra da chave debaixo do tapete. Entrei no meu apartamento e vi que
estava tudo em ordem. Assaltei a geladeira e comi um pouco. Dei uma olhada pela
janela e vi várias pessoas nas ruas. Que estranho... Será que hoje tinha algo
especial e eu não sabia? Tirei minhas roupas e fui direto pro banho. Ali eu
refleti e me lembrei de tudo que me aconteceu naquele local horrendo. Estar ali
dentro não me confortava. Sabia que aquele louco poderia me caçar pela cidade e
não tinha mais pra onde fugir. O que me restava era enfrentá-lo, mas precisava
de um tempinho pra me preparar. Saí do banho e coloquei meu roupão. Ao entrar
no meu quarto tenho uma surpresa. Anne estava sentada na minha cama.
— Anne! O que faz aqui?
— Honey!
Você finalmente voltou! — corre e me abraça.
— Sim, finalmente. Mas... Como entrou no meu
apartamento?
— Ora... Você deixou a portinha aberta, esqueceu?
— Eu tenho certeza que a tranquei!
— O que importa é que você está bem e nossa... —
coloca as mãos dentro do meu roupão — Que saudade desse corpo e de quando você
e eu tínhamos algo.
Isso podia parecer bem rotineiro, porém ainda era
estranho pra mim. Algo estava errado nessa história toda.
— O que acha de eu fazer um jantar bem gostoso pra
você? Como nos velhos tempos...
Anne me puxa pelo braço para irmos até a cozinha e
fico parado. Ela não entende minha atitude e pergunta o que estava acontecendo.
— Anne... Você entrou com mais alguém aqui dentro do
meu apartamento, não é?
— Do- do que está falando, honey? Estou sozinha!
— É mesmo? Então quem é aquele seu amigo encapuzado
encostado na porta do meu quarto me observando?
Anne não sabia o que dizer.
— Acho que me lembro de você lá do submundo. Chegou
e entrou tão rápido ao meu apartamento. Quero saber quem te convidou, porque você
não é bem-vindo aqui, Phillip Neddfor!
[CONTINUA...]
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