domingo, 15 de dezembro de 2013

[O Último Virtuoso] Capítulo 14 - Submundo



“Vejo um toque falso em seu sorriso. Não sei se implicância ou maldade. Mas algo me transmite um aviso: Que falta em sua vida a verdade.” Autor Desconhecido


Atenção! O capítulo a seguir é recomendado para maiores de 18 anos, pois pode conter cenas de sexo heterossexual e/ou homossexual. 


Fogo e fumaça eram as únicas coisas que se via sair pela janela daquela sala localizada no segundo andar da pequena filial da Soldi & Successo. Eu já nem ali estava mais. Pouco antes de deixar o local, entrei no carro e me virei para contemplar aquela bela cena. Eu sabia que um vaso tão ruim como aquele não quebraria tão facilmente. Porém, tinha certeza que esquentaria e trincaria bastante.

Poucos minutos depois e um carro chega freando em uma manobra “a la cavalo de pau”. Dele saem Bianchi e Bruce. Os dois pareciam perplexos com o que viam.

— Eu sabia... Eu sabia — Bianchi balança a cabeça negativamente enquanto coloca as duas mãos em frente a boca.
— Um incêndio? Será que o Phillip está bem?
— Eu não sei... Ele... Ele pode estar lá dentro queimando... Não que ele não merecesse, mas... Enfim, vamos lá!

Os dois entram no pequeno edifício e percebem que a fumaça já se alastrava aos poucos. Será que deveriam esperar o corpo de bombeiros agir? Bianchi tira seu bonito sapato de salto alto pra correr mais rápido. Os dois chegam ao segundo andar. A energia desse pavimento já estava cortada devido o incêndio. Bruce diz que já haviam acionado o corpo de bombeiros e tenta puxar Bianchi para saírem dali. Mal dava pra enxergar direito. Ela pede pra esperar e vê a sombra de um homem caminhando com dificuldade na direção deles. Era Phillip que conseguira se salvar por muito pouco. É possível ouvir um murmúrio vindo dele enquanto se aproximava.




— Aquele desgraçado... Maldito!
— Precisamos sair daqui — Se continuarmos respirando essa fumaça mais um pouco podemos morrer de asfixia — se aproxima e Bruce também.

Os dois se juntam e carregam Phillip até a saída. Ao chegar lá, o corpo de bombeiros aparece e entra em ação. Como estava claro, podiam olhar para o estado do homem. Bianchi e Bruce demonstram surpresa ao olhar para ele. Phillip não entende o motivo e antes que perguntasse, é socorrido pelos bombeiros.

Naquela noite, recebi inúmeras ligações de Amanda e James, porém decidi permanecer anônimo. Não havia ido para casa e não queria falar com ninguém. Estava em um hotel, sentado na varanda e tomava um pouco de champagne. Mesmo que por meio de uma tragédia, eu me sentia melhor. É como se eu tivesse feito justiça. Ri um pouco e olhei para fora. A vingança realmente era um prato que se come frio... Mas no meu caso estava bebendo gelado... É uma pena que a realidade não será tão boa e estará ao lado da mentira. Provavelmente não poderei voltar mais ao trabalho e se aquele desgraçado sobreviveu, irá me caçar até me colocar na cadeia... Sinto dizer que não terá provas contra mim tão facilmente, mas vai encher demais o meu saco. Eu preciso pensar no que vou fazer... Sair da cidade ou do país? Eu tinha uma boa quantia em dinheiro guardada. Vejam como estou parecendo um criminoso... Até pensando em fuga e desaparecer. Não me vejo como um vilão e sim como aqueles personagens que conseguem alcançar a justiça não importando os meios... Mas no fim das contas não pensei nas consequências. Estava tomado pelo sentimento da vingança... Ainda esta noite ele denegriu minha imagem perante todos... Depois de tudo ainda tentou me jogar pra baixo mais uma vez. Mereceu! Se estou arrependido? Arrependido de não ter feito isso antes.

Entro naquele luxuoso e aconchegante apartamento. Eu tinha muitas coisas para desfrutar ainda aquela noite e descansar bastante. Felizmente fiz isso, pois na noite seguinte não teria mais esse privilégio... Não mesmo.

Eram onze horas da manhã quando deixei o hotel depois de ter um café da manhã fantástico. Comi tanto que achei que sentiria fome só no horário do jantar. Estava muito quente lá fora. Providenciei uma roupa bonita. Uma calça jeans, sapatênis branco e azul e uma linda camisa xadrez com capuz. Comprei um cordão com duas placas. Estava me arrumando para partir.

 Fui dar uma volta pela cidade enquanto não dava duas horas. Havia marcado um encontro com Marky e Lucas nesse horário. Ia informar o que eles possivelmente já sabiam e agradecer por tudo. Realmente tinha coisas importantes a dizer. Enquanto caminhava por debaixo de algumas árvores, senti uma brisa gostosa. Até fechei os olhos pra sentir melhor. Achei que a partir daquele momento viveria em paz. Combati o meu inimigo e ele não teria sequer a audácia de se colocar no meu caminho. Precisava tentar recomeçar minha vida do zero. Bem longe daqui.

 Vejo alguns casais pelo caminho e me lembro de James e Amanda. Eles deviam estar preocupados comigo. Acho que seria bom pelo menos enviar uma mensagem a eles explicando tudo. Pego o meu celular e começo a digitar uma mensagem. De repente, vejo uma movimentação estranha e sinto algo me furando. Ao olhar para trás, vejo corpos embaçados e começo a me sentir fraco. Retiro o que me furava e percebo que era uma seringa. Já era tarde demais. Eu mal conseguia sentir meu corpo e tudo girava. Naquele momento pensei que estava partindo definitivamente. Mal sabia que acordaria num lugar que poderia se equiparar facilmente ao inferno.

Sinto certo incômodo em minhas costas. Começo a retomar meus sentidos e abro os olhos aos poucos. Vejo o céu. Já era fim da tarde. O engraçado é que as nuvens se moviam rapidamente... Na verdade não eram bem assim... Eu é quem estava sendo arrastado.  O responsável era um homem que usava um blazer roxo e com algumas partes rasgadas. Eu ainda não conseguia me mover. Meu corpo estava sob efeito anestésico. Pra onde esse cara estava me levando? Olho para os lados e noto que estava dentro de uma floresta ou bosque. Paro de ser arrastado e ele me encosta no tronco de uma árvore. É claro que eu havia fechado os olhos para fingir que ainda dormia. De repente sinto mãos grossas percorrendo meu rosto e rapidamente descem para meu peitoral e abdômen. Aquilo estava muito estranho. O homem comenta algo baixinho, mas consegui ouvir.

— Onde eu podia imaginar que teria um banquete essa noite?

O quê? Esse cara era um canibal? Minha reação foi abrir os olhos imediatamente. Ele se assusta e tira as mãos de mim.

— Que lindo... A Bela Adormecida finalmente acordou — dá uma risadinha.
— Quem é você?
— Eu? Seu master. Você é meu slayer a partir de agora — começa a passar a mão em minha bunda — Hoje à noite irei te comer todinho como prova do nosso pacto — lambe seus lábios.

Eu ouvi direito? O estranho se levanta e consigo reparar mais. Era um homem alto, com alguns músculos e uma pancinha digna de quem caminha no parque uma vez por mês, usava um cavanhaque muito bem feito e tinha cabelos ruivos. Posso estar errado, mas me parecia ter uns trinta anos no mínimo.

— Eu não estou entendendo... O que estou fazendo aqui?
— Olha, isso eu não tenho como te responder. Te encontrei caído perto de uma árvore. Um jovem tão bonito, limpinho... São poucos aqui com essa característica. E por regra do jogo, apesar de não ter sido derrotado por mim, te encontrei vulnerável. Você é meu slayer agora. Qual o seu nome?
— Você ainda não me disse o seu.
— Scott. E agora?
— Leo... Onde estamos?
— Responde com uma pergunta logo em seguida... Interessante... Garoto, como você não sabe onde está? Estamos no lugar mais obscuro dessa cidade. Aqui é o submundo.

Quando ele disse isso meu coração até disparou. Eu sabia pouco, mas o que me informei já era o suficiente. Submundo é uma parte da antiga cidade que está abandonada há uns trinta anos ou mais. Um lugar onde ninguém mete o dedo e quem dita as “leis” é desconhecido. Assassinatos, estupros, drogas, jogos... Esse lugar tem tudo isso gratuitamente e dificilmente alguém voltou vivo pra contar história.

— Como faço pra sair daqui? — fiz essa pergunta já esperando não receber resposta.
— Impossível... Eu mesmo já vivo aqui há mais de dois anos e nunca consegui. Os que tentaram foram mortos, garoto... Só quem é da “patente alta” consegue sair com segurança.
— Droga — sentia que estava perdido.
— Agora que já te disse onde estamos, preciso de um agrado de retribuição — começa a retirar o cinto — Já estou há mais de umas três semanas sem, por isso capriche e me faça gozar de uma forma inesquecível — abre o zíper e coloca um membro “meia bomba” pra fora.
— Eu não vou fazer isso.
— Claro que vai — puxa minha cabeça e ordena que eu abrisse a boca.

A minha resistência estava o excitando mais ainda. Seu pau já estava ereto e parecia ser maior do que os poucos que eu já vi. Não queria colocar aquilo na minha boca! Ele esfregava no meu rosto e eu estava vulnerável. Não sentia meu corpo direito. Aquilo podia se tornar um estupro em poucos segundos.

— Abra a porra dessa boca e chupe todo. Se não o fizer, terei que te punir.
— Desculpa, eu estou sem clima — tento disfarçar — Vamos pra outro lugar... De repente o clima me anima mais.
— Você está me excitando demais — abaixa e aproxima o rosto do meu — Quem sabe isso ajude — me beija de repente.

Eu tive que retribuir, não teve jeito. Ele era altamente agressivo e pela velocidade com que movia a língua percebi que estava mais tempo “na seca” do que tinha dito. Comecei a sentir os meus braços e pernas. Isso era bom, pois estava louco pra sair dali.

— Pronto! Já fiz o clima rolar. Agora chupa! — esfrega o seu pau em meu rosto até encostar-se aos meus lábios.
— Certo... Irei chupar sim...

 Como já conseguia mover meu braço, seguro seu pênis e levanto a minha cabeça pra olhar nos olhos do cara. Ele acaba olhando diretamente e quando menos espera está recebendo o boquete que tanto quis. Ele gemia de prazer enquanto dizia várias coisas:

— Isso! Chupa tudo... Chupa o que eu vou meter em você todos os dias a partir de agora... Isso! Vai, seu puto!

Acho que ele pensou que estava em um filme pornô de tão perfeito que as coisas pareciam. De repente escuta o barulho de um tiro e não sente mais nada. Ao abrir os olhos me vê caído, leva uma pancada e desmaia. Como num passe de mágica, ele abre os olhos novamente e estava pelado e amarrado na árvore. Ele vê um ser humano sem face acariciando seu pau e de repente vê uma faca. O ser começa a passá-la perto do seu instrumento e ele percebe o que iria acontecer.

— Não, não, isso não, isso não! — gritava desesperado.

O ser sem face dá uma risadinha perante o desespero dele e levanta a faca. O homem se esperneia, debate e grita. A faca desce de uma vez e ele grita. Ouve um estalar de dedos e ao abrir os olhos estava amarrado na árvore, porém vestido.

— Gostou do sonho?
— O quê? — fica surpreso ao me ver e olha para baixo e respira aliviado ao ver que seu pênis estava lá — Como você... O quê... O que é você?
 — Alguém que você jamais deveria ter ousado mexer — olho seriamente — Um virtuoso!
— Idiota! Comigo você teria toda a proteção e aprendizado necessário para sobreviver aqui — percebe que não “dou bola” e vou embora — Isso, vá mesmo. Se pensa que vai sair daqui... Você nunca vai conseguir! Vai é sofrer e ser morto — ri e grita desesperadamente para que eu o soltasse.

O aviso dele era de fato pertinente, porém resolvi seguir os meus benditos instintos e prossegui pela floresta. Andei por um bom tempo e finalmente vejo o sinal da existência de uma grande cidade. Pensem num local tenebroso. As ruas pareciam desertas, os edifícios estavam num estado lamentável de depredação e algo que não pude deixar de reparar... Sangue! Muito sangue espalhado por todos os lugares! Com certeza tinha acontecido um festival de carnificina naquele lugar e lavaram a cidade com sangue. O cara do terno roxo tinha razão. Eu sentia um clima tão ruim e pensei em voltar, mas já era tarde. Tarde demais... Muito tarde... Alguém coloca a mão na minha boca e só escuto:

— Adivinha quem é?

Essa brincadeira me parecia familiar, mas aquelas mãos não eram femininas... O estranho me dá um chute tão forte que me senti uma bola em momento de pênalti decisivo. Quem será que era esse desgraçado? Mal tive tempo de levantar e conferir, pois já estava levando outro chute e agora no rosto.

— Ora, ora... Você é novo aqui, não é? Como eles ainda têm coragem de enfiar mauricinhos indefesos num lugar como esse... Deve ser estoque pra cobrir a cidade de sangue — começa a fumar um cachimbo.

Me levanto e consigo olhar para quem havia me batido. Era um cara alto e forte. Tinha a pele parda, cabelos pretos e curtos, o braço direito todo tatuado e aparentava ser poucos anos mais velho que eu.

— Vai ficar me olhando aí, lixo?
— Não... Eu não quero me meter em confusão. Só quero sair desse lugar!
— Sair desse lugar? — tira o cachimbo da boca e dá gargalhadas em um tom bem alto — Impossível! Quando eu digo que é um mauricinho — se aproxima tão rápido de mim que nem percebo e levo um forte soco na barriga — Você será o meu ponto da noite!
— Ponto? — pergunto com dificuldade.
— Sim! Não me diga que não conhece as leis do submundo? Isso aqui é um jogo de vida ou morte. Quanto mais se mata, mais ganha.

Que espécie de lugar era esse? Ao fundo vejo um grupo de homens correndo de outro. Um deles tropeça e grita para os outros não pararem e irem atrás de um tal “santuário”. O grupo que vinha atrás o espanca até a morte. Aquela cena foi traumática e até o louco que estava a minha frente para pra ver. O cara não teve sequer a chance de se defender. Em seguida, vejo que vasculhavam o seu corpo e roubam algumas coisas, incluindo pequenas cápsulas que me eram familiares. Eles seguem pelo caminho oposto ao que estávamos. Provavelmente iam atrás do pobre grupo do garoto que no momento era apenas um corpo jogado no meio da rua. Meu corpo tremia. Eu suava frio. Aquilo era medo! Algo me dizia que esse cara não mediria esforços e faria o mesmo comigo.

— Que patético... — começa a se aproximar de mim lentamente — Um garoto como você que pode ser de grande proveito, principalmente sexual, ter um fim tão parecido com o que acabou de assistir...

Era o fim... Não! Espera! Não era! Eu já enfrentei tanta coisa na vida e não era agora que eu iria desistir. Eu sabia que corria o risco de desmaiar ou ficar bem fraco se fizesse isso, mas não tinha jeito. Me concentro e observo que o inimigo se aproximava pouco a pouco. Ele tenta me dar um golpe no peito, mas dessa vez consigo segurar sua mão usando a força da minha grande e magnífica mão direita! Ele tenta forçar pra me empurrar, mas permaneço firme e forte. Usando a outra mão livre, ele retira uma faca do bolso e o seu golpe por sorte só me atinge superficialmente no braço esquerdo. Surge um pequeno rasgo na manga e vejo que estava sangrando um pouco.

— Vejo que o mauricinho tem força... O que torna o duelo mais interessante — arregala os olhos e grita — Só saio daqui depois que te matar, garoto!
— Você vai se arrepender pro resto da vida de ter dito isso...
— Com quem pensa que está falando? Sou o grande William Barreto. O mais forte dessa quadra. Por que acha que aqueles caras não se aproximaram de onde estávamos? Exatamente por saberem quem estava aqui... É garoto, você não teve sorte. Eu diria até que se você quiser adiar sua morte, pode me servir sexualmente primeiro.

Submundo era definitivamente um lugar regido pela lei da violência, das drogas e do sexo! Esse último é de total importância ressaltar. Os dois caras que encontrei até agora me mostraram isso. E tem algo que eu aposto... Eles são loucos por homens, afinal, mulheres não era algo que se via aqui. Mas não era hora de pensar nisso. Eu precisava pensar em como sairia dessa. Aliás, quem disse que eu tive tempo pra isso? Já tinha levado vários socos quando menos esperei e o monstro me empurra pro beco ao lado.  Eu sequer tinha força pra resistir. Ele acerta minha cabeça na parede e fica segurando enquanto apertava. Por um momento ele acaba roçando em mim sem querer. Eu provavelmente iria morrer ali se a lei do sexo não falasse alto. Esse era o ponto fraco dele e o meu trunfo.

Como a atração de um ímã, ele roça novamente e gruda o seu corpo ao meu. Sinto os batimentos do seu coração acelerarem e sua respiração tornar-se ofegante. Eu estava de novo em uma situação onde um cara tarado queria acabar com sua seca e eu não podia fazer nada. Sinto um membro rígido encostando a mim e sua outra mão rapidamente desce até o meu, seguido de mordidas no pescoço. Eu estava meio excitado com tudo isso apesar dos apesares. Estava sem me masturbar ou fazer sexo fazia um tempo já. Algo dizia que eu só sairia vivo dali se me submetesse ao sexo em si. Apesar disso, essa história não é tão engraçada quanto parece... É assim que as pessoas se transformavam nesse lugar. Iam se entregando pouco a pouco à tríade que move as coisas aqui.

— Você... O que você tem? Esse cheiro... Esse corpo é diferente dos outros — passa a mão por todo meu corpo — Eu quero te ter agora... Quero te comer... Quero você como meu objeto sexual pra sempre... — passava a mão por todo o meu corpo e me cheirava.

Interessante como ele mudou o discurso rapidamente. Há alguns minutos disse que não descansaria até me matar e agora já queria me comer? Isso não faz sentido!

— Você pode me comer se quiser... Mas vai ter que me dizer algo primeiro.
— O quê? — fala perto do meu ouvido em um tom de excitação extrema.
— Quem é que comanda esse lugar e como faço pra chegar até lá?
— Eu não sei bem a sua identidade. Ele é conhecido por Kaiser e está sempre usando um capuz. Está sempre acompanhado e vem aqui direto. O local onde ele costuma ficar é um mistério, mas acredito que seja no santuário. Aquele lugar é tão perigoso que um dos meus parceiros foi arremessado pela janela sem os dois braços depois que inventou de ir lá. A curiosidade matou o gato... Aliás — se sente estranho — Eu nunca contei isso pra ninguém! Porque diabos estou fazendo isso com você?
— É o meu poder...
— Foda-se! — tira meu cinto e abaixa minha calça em alguns segundos — Já fiz o que você pediu e agora você vai ser todo meu!
— Como quiser, Will...
— Seu safado — entra em êxtase ao olhar nos meus olhos — Vou meter em você até me satisfazer!

Eu sabia que parte do que iria acontecer era verdade, mas eu não tinha escolha. Eu já estava sentindo a cabeça do seu membro entrar no meu precioso ânus... Ele estava muito excitado e enfiava com força. Como doía! O máximo que já entrou ali foram dedos meus ou do James.

— Que ânus apertadinho... Quase não tô conseguindo colocar meu pau. Vou meter com mais força pra alargá-lo completamente!

Quer dizer que ele nem tinha entrado direito ainda? Isso era um pesadelo! A falta de carinho e química não me faziam sentir prazer naquilo. A dor estava por vir... Estaria eu pagando pelos meus pecados naquele exato momento?

 Como num passe de mágica um motoqueiro surge dentro do beco em alta velocidade e atropela o William de uma forma fantástica e digna de cena de filme de Hollywood! Foi tão rápido que nem pude ver quem era. Tinha me salvado das duas coisas por questão de centímetros, literalmente...

Subo minhas calças e corro dali o máximo que podia. Não sei se o William estava morto ou não, mas não queria ficar ali pra conferir. Pra minha alegria estava perdido naqueles becos que pareciam um labirinto. Era outra cidade dentro da cidade! E ali eu vi cenas horrendas.  Homens sendo estuprados, corpos, dependentes da Shinohana que não tinham mais como consumi-la e se arrastavam feito zumbis. O comércio de drogas rolava solto e vi vários caras fazendo isso. Por sorte passei despercebido. Eu estava cansado e com fome. O que eu queria um lugar pra me esconder e dormir um pouco. Nada daquela noite seria comparada à noite do dia anterior onde eu estava naquele luxuoso hotel.

 Eis que encontro a saída dos becos, mas resolvo me esconder nas trevas por mais um tempo. Na rua a frente estava acontecendo um duelo. Dois homens estavam lutando. Tudo parecia normal, até que um deles retira uma pistola do bolso e dá vários tiros no outro. Agora que eu não ia sair dali mesmo! Ele ri e rouba várias coisas do que estava morto. O rapaz achou que estava por cima, porém uma esfera brilhante e mais rápida que um jato acerta sua cabeça e o faz cair desmaiado (ou morto) instantaneamente. Era uma bola de tênis! Uma moto para ali. Será que era quem passou no beco àquela hora?

— As regras não permitem uso de armas de fogo nesse estágio e quem utilizar delas será passível de punição do tipo cinco.

Aquela voz caipira e meio abobalhada não me era estranha... Aliás, eu tinha certeza que a ouvira na noite anterior e há cinco anos. Dou uma espiadinha só pra ter certeza. Com um visual altamente bad boy, e com um olhar penetrante, maligno e raquete na mão... Era Bruce. Irreconhecível.

— Mais um babaca... Sobe logo aqui que precisamos chegar ao santuário. Aquele idiota não esperou nem os cuidados médicos direito e já veio pra cá. Vamos!

Essa foi primeira voz feminina que escuto naquele lugar. Era Bianchi. Aliás... Ela sabia pilotar moto também? Naquela altura do campeonato a pergunta seria o que ela não sabia pilotar. Desde os tempos de faculdade ela sempre foi muito boa com essas coisas. É uma versão inversa minha na parte da direção.

Mal consigo ver como ela estava vestida e a moto dá aquela arrancada barulhenta. Os dois somem dali em questão de segundos. Estavam indo ao tal de santuário. Sinto que devia ir a esse lugar também. Acho que nesse momento até eu já acreditava que ficar procurando uma saída do jeito que cheguei não seria nada trivial e inteligente. Aproveito que parecia tudo limpo ali e saio do beco. Caminhei por várias horas e cheguei a uma parte diferente da cidade. Parecia mais deserta ainda. Vejo a porta de uma loja aberta. Uma loja? Isso parecia estar me cheirando a armadilha...

 Ao entrar, vejo que era realmente uma loja. Porém não havia ninguém ali dentro! Nenhum vendedor ou cliente. Estava com tanta fome que abri um pacote de biscoitos e comi ali mesmo. Um celular começa a tocar sem parar. Não que eu fosse obrigado a atender, mas o aparelho poderia ser muito útil pra mim naquele momento. Resolvi encontrá-lo com auxílio do barulho. Ao encostar-se a ele, o viva voz se ativa e a ligação foi atendida.

— Filho... Filho! Fala comigo! Você está aí?

Meu mundo para. Aquela voz era idêntica a da minha mãe.


[CONTINUA...]

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