sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

[O Último Virtuoso] Capítulo 15 - Jogo da Morte



Atenção! O capítulo a seguir é recomendado para maiores de 18 anos.

“A verdadeira amizade significa unir muitos corações e corpos num coração e num espírito.” Pitágoras

            Eu não podia acreditar... A mulher que estava do outro lado da linha tinha a voz idêntica a da minha mãe! Como? Seria uma irmã gêmea, uma sósia ou ela ainda estava viva? Estaria me ligando lá do céu? Eu já não entendia mais nada e sequer consegui responder a ligação de imediato.

            — Leo! Não está me ouvindo, meu filho? Por que não me responde?
            — Mãe? É você? Mas como isso é possível? Eu lembro muito bem daquele dia e... — lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu não conseguia me conter.
            — Você está preso no submundo, não é?
            — Estou sim. Como sabe?
            — Eu sei de tudo. E sei que logo nos encontraremos.
            — Sério? Eu quero vê-la o mais rápido possível. Onde você está?

            De repente ela não me responde mais e escuto uma risada ao fundo do telefone. Começo a sentir um frio na barriga e uma sensação estranha.



            — Mãe? Onde é que vamos nos encontrar?
            — No lugar que você vai estar já já, meu filho... No inferno — grita e sua voz muda para um tom masculino seguido de uma risada tenebrosa.
            — Você não é a minha mãe! Quem diabos é você, seu grande merda? — pergunto isso com a voz pra lá de alterada.
            — Isso é jeito de falar com os outros? Bem que o imperador soberano disse que você era um ridículo... Que impertinente.
            — Essa voz... Você é o daquele dia na casa do Vincent! Rhair alguma coisa, não é?
            — Rhair Marcus! Não lembra nem do nome das pessoas, bofe idiota!
            — A sua brincadeira foi de muito mau gosto! Não sei como conseguiu fazer essa imitação, mas sei que conseguiu me deixar irado. Se eu encontrá-lo por aqui...
            — Estou mais perto do que imagina...
            — O que quer dizer?
            — Você é tão maluco e descuidado que não percebeu que esse celular está desligado desde o começo.

            Ele realmente tinha razão... A tela estava toda preta e o celular sequer ligava.

            — Então como é que estou te ouvindo?
            — Porque estou aqui dentro dessa loja desde o início... Idiota!

            Aquele “lambe chão” tenebroso do Phillip estava atrás de mim nesse momento e ia tentar me furar com uma seringa estranha. Dessa vez eu fui mais esperto que ele e segurei seu braço. Ficamos num “duelo” agoniante em que ele tentava me furar e eu empurrava seu braço pra que ele não realizasse o serviço. Aquilo com certeza era pra me dopar novamente.

            — Não entendo o porquê da sua resistência. Você terá o fim que merece nesse lugar, não importa o quanto fuja.
            — Não vou me render tão fácil pra um grupo de lixos desprezíveis!
            — Não faça isso, filho! — escuto a voz da minha mãe dentro daquele lugar.

            Baixei a guarda e Raihr consegue me furar com aquilo. De fato eu havia sido enganado. Me levei pela emoção de ter ouvido a suposta voz da minha mãe. Ela estava morta há cinco anos e não entendo o porquê de eu ainda ter alguma esperança. É justamente por aquele dia que estou aqui agora. Foi a partir dali que busquei me vingar daquele ser desprezível que me sugou cada esforço, me enganou e me tirou a pessoa que eu mais amava. Foi isso que me moveu durante cinco anos: vingança. Nesse momento, inconsciente e provavelmente morto eu me pergunto: Isso valeu a pena?

            Acho que eu era um vaso ruim, pois não havia morrido. Abro os olhos e noto que estava pendurado em um poste no meio da cidade. Eu provavelmente estava ali faz tempo. O que mais me chocou foi notar que já era fim da tarde do dia seguinte! Estava com várias partes da roupa rasgadas e doendo. Provavelmente apanhei enquanto estava inconsciente e fui amarrado aqui. Que pesadelo!

            Olhei para baixo e notei que não havia um ser vivo sequer. Eu tinha que pensar numa forma de sair dali. Notei então que as cordas eram bem vagabundas e uma boa opção seria me balançar. Tomei impulso e fui fazendo isso. Demorou uns dez minutos e a corda arrebentou. A queda não foi nada agradável, mas do que eu podia reclamar nesse momento?

Não estava conseguindo andar tão bem devido ao tempo que meu corpo deve ter ficado parado. Com que intuito aquele maluco fez isso? Sinto que estão querendo me torturar e me matar aos poucos nesse lugar...

            Ouço um barulho e vejo um corpo sendo arremessado e destruindo as portas de vidro de um edifício. Um homem narigudo surge. Ele estava usando camiseta regata encardida, que deveria ser branca, uma corrente de ouro enorme e óculos escuros. O estranho olha pra mim. Eu estava muito fraco pra fugir naquele momento. Não sei como fiquei desacordado por quase um dia inteiro e isso me deixou fraco e faminto. Meu instinto de sobrevivência me alerta ao perceber que ele se aproximava de mim. Boa pessoa eu sei que ele não era, por isso penso que se ele quisesse só sexo seria menos pior que apanhar e ser morto.

            — Ah... Encontrei o tesouro! Estranho ele estar se movimentando... Acho que foi um elemento surpresa nessa rodada.
            — Tesouro? Rodada?
            — Jogo da Morte. Você é o tesouro anunciado — mostra um folheto com a minha foto.

            Agora entendi o motivo de eu estar desacordado. Estava em meio a um jogo onde as pessoas matavam umas as outras em meio à caça a um “tesouro”. O vencedor poderia se aproveitar do tesouro da forma que quisesse, mas deveria levá-lo vivo caso os juízes pedissem. E sabe o que mais me intrigava? A foto do folheto. Era a foto da entrevista quando fui contratado pela empresa. Só eles tinham acesso a ela...

            — Não creio...
            — Mesmo que esteja se movendo, vejo que não vai oferecer muita resistência. Porém primeiro eu quero me certificar que isso não é um truque...

            O narigudo usa um chicote rapidamente e acerta minha perna esquerda. Eu não sei o que tinha naquilo, mas doeu mais do que qualquer coisa nesse lugar até agora. Foi suficiente pra até rasgar minha calça na parte atingida. Não contente com o teste, ele acerta minha barriga. Senti até falta de ar nesse momento. Como doía! E sabem o que eu podia fazer? Nada! Eu me rastejava pra trás, mas isso era suficiente pra ouvir risadas do rapaz.

            — Antes de entregar sua cabeça ao kaiser irei me aproveitar de você. Está nas regras. Só preciso aparecer com você pra encerrar a rodada e terei cinco horas pra te entregar. Vou levá-lo a meu esconderijo. Como você é jovem e bonito — toca no meu rosto e aperta — Não é a toa que foi escolhido como o tesouro da vez. Aliás, um dos melhores que vi até então.
            — E você, quem é?
            — Stefan Jude — me amarra com uma corrente rapidamente e sai me puxando — o rei do Jogo da Morte.
            Aquele cara realmente não estava se importando se eu chegaria acabado ou não. Seu olhar me transmitiu a frieza e certa vontade de fazer o que deveria em pró de algo. Provavelmente sair desse lugar era o que ele queria. Acredito que para ganhar regalias nesse lugar era preciso ser o vencedor desse tal Jogo da Morte. Eu apenas o seguia. Sabia que se caísse, seria chicoteado feito escravo. Era isso que eu era... O tal slave treasure do jogo!

            Alguns minutos de caminhada em silêncio e aos puxões e chegamos ao centro do Submundo. Vários prédios ao redor desse local e pude ver algumas pessoas familiares que estavam na varanda do primeiro andar de um deles. Da direita para esquerda estavam: Raihr, Bruce, Bianchi, um cara e duas garotas encapuzados e aquele doutor estranho que salvou a Marcella e desapareceu com ela da mansão aquele dia. O cara encapuzado... Ele era exatamente idêntico ao do dia que a minha mãe morreu! Sinto meu coração bater forte e a tensão só aumentava. Eis que uma voz é transmitida por meio de vários alto falantes espalhados por todo o local. Era a voz do irritante Raihr.

            — Ora, ora! Será que já temos o vencedor dessa etapa do “Jogo da Morte”? O bofe Stefan mais uma vez?

            Bianchi fica surpresa ao reconhecer meu rosto e comenta com Bruce:

            — Me diga em nome do Senhor o porquê do Leo estar aqui nesse lugar?
            — Ele era o tesouro dessa rodada...
            — Isso com certeza foi obra daquele gordo irritante e daquela vadia que seguiram suas ordens, não é? — pergunta para o cara encapuzado que apenas acena positivamente e não diz palavra alguma.
            — Isso é um absurdo — diz Bianchi que é segurada por Bruce.
            — Agora já é tarde. Talvez essa seja a forma dele pagar por todas as suas ações nesses últimos anos — diz Bruce.
            — Ações? Do que você pensa que sabe?
            — Não terei piedade em julgá-lo nesse jogo. Ainda mais que soube que ele está envolvido com o desaparecimento da minha irmã.
            — Desaparecimento da sua irmã? — olha para o rapaz encapuzado — Eu realmente não espero mais nada de você...

            Stefan me joga no chão enquanto segurava as correntes e diz:

            — Esse é o tesouro, não é?
            — Exatamente! Acertou em cheio. Por mim eu já contabilizaria como mais uma vitória sua, mas você sabe que precisa fazer uma escolha agora, não é? Ou você o entrega a cabeça dele agora e seus pontos são contabilizados, ou você tem cinco horas pra aproveitar do corpo desse garoto como quiser. O que escolhe?
            — A segunda opção.

            Por alguns instantes notei um choque geral de quem estava ali. Parece que a escolha de Stefan tinha surpreendido a todos.

            — Mas, mas... — gagueja Raihr — Você sempre executou os tesouros aqui na nossa frente. Qual o motivo de fazer diferente pela primeira vez?
            — É particular... Pois bem! Não quero que se metam no meu caminho enquanto estou com o garoto.
            — Isso... É inacreditável! Desde quando você curte...?
            — Não curtir você não significa que eu não curta os outros!
            — Bem feito, gordo otário — diz Bianchi.
            — Se me derem licença, estarei indo pra um lugar mais à vontade — começa a seguir o caminho oposto e me puxa.
            — Sensacional... — diz o cara encapuzado em tom de sussurro e logo em seguida faz um sinal a uma das mulheres encapuzadas, que entende o recado e segue os dois.
            — Meu imperador belíssimo! As coisas não estão saindo conforme o planejado! Devemos interferir?
            — As regras do jogo dizem que ele podia escolher uma das duas coisas — interrompe Bruce com um olhar sério.
            — Eu não te perguntei nada, idiota do tênis!
            — Regras são regras. Eu fui convocado pra fazer com que elas sejam respeitadas e não aliviarei se você quebrá-la com alguma manipulação — diz Bruce.
            — Ora, seu...
            — Ele vai ter uma punição muito maior que a morte... Stefan vai acabar com ele — diz o cara encapuzado e ri baixinho.
            — Vai mesmo... — diz a outra mulher encapuzada em um tom triste.
            — Sinto cheiro de uma boa cena de sexo com morte... Devo ligar as câmeras para que possamos assisti-la aqui de camarote?
            — Sim...

            Raihr aciona um mecanismo do seu próprio celular e um grande telão que estava acoplado em um dos prédios, transmite imagens de um quarto. Todos pareciam na expectativa do que estava por vir. O misterioso doutor já não estava mais ali. O seu sumiço não havia sequer sido notado.

            Ao chegar ao quarto, Stefan me joga na cama e começa a tirar sua roupa rapidamente. Ele abaixa minhas calças e cueca e me vira de frente. Olho aquele membro rígido e de um tamanho nada pequeno. Me deu calafrios.

            — Eu não costumo fazer isso com ninguém. Aliás... Não faço isso desde que entrei aqui... Há dois anos.
            — Um bom tempo...
            — Sim — segura com força em meu rosto — E é por isso que vou me satisfazer da forma que quiser com você. Garoto... Eu irei te foder até você morrer!

            Essa frase teve um impacto forte. Esse cara realmente não estava brincando. Ele passa algo rapidamente nos dedos e começa a enfiar sem dó no meu ânus. Começa com um e vai forçando mais outro. Estava doendo!

            — Preciso de espaço pra colocar o meu pau aí dentro — diz isso e enfia o dedo mais fundo e forte.

            Eu estava sentindo um pouco de prazer, confesso, mas sabia que iria morrer. Aquele cara ia me comer e me matar logo em seguida. Acho que ele era o típico cara que curtia caras, mas não admitia pra si mesmo. Por isso surpreendeu a todos. Nesse momento a dor estava mais intensa e eu sentia que ele queria fazer um ‘fisting’. Eu estava fraco, com fome e aquilo estava me machucando demais. Por que não me matou logo de uma vez? Ou melhor... Por que eu não fiz nada até agora? A verdade é que eu mal tinha olhado nos olhos dele direito até agora e quando fiz isso antes, notei que ele me evitou. Tentei virar minha cabeça para trás e ele brutamente a vira para frente.

            — Eu sei muito bem que você deve estar doido pra olhar pra mim, mas já conheço seu truque, garoto! — pega sua camiseta e amarra com força de forma que cobrisse meus olhos.

            Droga! Eu não podia fazer mais nada. Daqui a pouco estaria com uma mão inteira dentro de mim, um pau e logo em seguida seria assassinado. Acho que esse foi o preço por ter levado a vingança adiante. Provavelmente Phillip estava me assistindo a esse momento e comemorando...

            Bruce não olhava para o telão e diz a Raihr que achava que não havia necessidade de assistirem àquilo. Bianchi se mostrava incomodada e diz a Raihr para cessar aquela transmissão agora. A outra mulher mal se manifestava, mas parecia estar em choque com as cenas. O cara encapuzado apenas ria.

            — Enquanto o meu imperador estiver se divertindo, o pedido de vocês pouco vai me importar.

            Eu já estava no ápice da dor. Aquilo era uma covardia. Eis que ele desiste de enfiar sua mão e começa a colocar seu membro com toda a força. Era a primeira vez que alguém fazia isso. Não sei se era bom ou não, mas com ele estava sendo horrível. O cara bombava com força desde o começo e eu me perguntava qual a diferença entre isso e apanhar com aquele chicote. E sim, eu estava sendo estuprado! Ficou assim por alguns segundos  e de repente senti um alívio. Ele havia começado a tossir e retirou seu pau de dentro de mim. Ufa! Eu não sabia bem o que estava acontecendo. Só ouvi barulho de várias coisas se quebrando e dele gritando com ele mesmo enquanto procurava algo. Ouço-o parar e beber algo. Era shinohana! Esse cara era um dependente. Era dela que vinha essa força dele. A respiração dele estava mais ofegante e de repente ele começa a colocar em mim outra vez.

            — Agora que estou de pé novamente... Vou fazer mais forte até gozar e em seguida te espancarei até a morte, garotinho!
            — Não! Pára com isso! Eu te imploro cara! Por favor!
            — Que tesouro fantástico você é! Foi o único que me fez trocar a escolha de matar pra ganhar mais pontos e sair daqui. Preferi ter você e ninguém mais vai ter esse privilégio depois de mim.

            De repente ouço o barulho de a porta ser arrombada e alguém chuta Stefan de cima de mim. O golpe parecia ter sido tão forte que ele acertou a cabeça no chão. Sinto mãos suaves me tocarem e retiram a camiseta dos meus olhos. Não queria que vissem a minha face nesse momento. Eu estava apavorado e lágrimas saíam dos meus olhos. Era James e logo atrás dele estavam Amanda e Lucas. Porém, quem havia derrubado Stefan com um golpe fatal era ela... A minha grande e querida Marky! Ele estava morto naquele momento.

            — Pessoal!
            — Finalmente te encontramos... Mestre! — muda a face de ódio por Stefan e sorri pra mim.
            — Desculpe a demora, lindo... Estou vendo que esse troglodita te machucou muito — diz James enquanto me abraça.
            — Foi realmente uma cena horrível de se imaginar... Você foi muito forte — diz Amanda tentando disfarçar algumas lágrimas.
            — Rapaz...  — olha para o pênis de Stefan — Se esse cara continuasse metendo, você ia abrir um espaço extra no seu traseiro hein...
            — Você não presta mesmo — dou uma risada enquanto vestia minha calça.

            James percebe que eu estava fraco e pede a Amanda que me desse algo pra comer. Ela tinha feito sanduíches maravilhosos. Comi em poucos minutos e com muita vontade.

            — Não que eu tivesse preparado especialmente pra você... Era pro caso se uma emergência apenas — diz ela.
            — Ah claro... Imagino que sim hein... Como conseguiram chegar até aqui?
            — Eu tenho contatos aqui dentro do Submundo — diz Lucas enquanto subia seus óculos e fazia aquela típica cara de gênio.
            — Até aqui? Isso significa que você sabe como sair desse inferno?
            — Não será muito fácil, mas nos arriscamos pra vir salvar você. Olha que amigos nobres você tem — diz ele.
            — Bom... Acho que isso significa que você não deve saber...

            Nesse momento uma bola de tênis em alta velocidade atinge o vidro da janela e o destrói espalhando vários estilhaços. Bruce surge dentro do local.

            — É totalmente contra as regras a intromissão de intrusos no “Jogo da Morte”. Isso é passível de punição tipo seis... Ou seja... A morte.
            — Acho que você se preocupa com regras demais, tenista caipira — o encaro.
            — Leo... Eu sei que éramos amigos há cinco anos, mas você é quem está dentro do jogo. Seus amigos não.
            — Amigos? Acho que não. Se fôssemos amigos você não estaria fazendo nada do que está agora. Agindo como uma marionete por algo que você ouviu de alguém. Não sei os seus motivos, mas estou pronto pra te enfrentar se isso for necessário.
            — Pois bem... Se for isso que você quer, não pegarei leve — atira uma bola de tênis na minha direção que é rebatida por Lucas com uma tábua.
            — Calminha aí, caipira do tênis — tira os óculos e arregaça as mangas — Você está precisando aprender de fato como se conduz um jogo de verdade...
           


[CONTINUA...]

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