domingo, 19 de janeiro de 2014

[O Último Virtuoso] Capítulo 17 - Ritual & Confissão



“O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos.” Roosevelt
        
         O clima estava tenso dentro do meu quarto. Nesse momento estava encarando Phillip que estava encapuzado por algum motivo. Como estava escuro não podia ver o seu rosto direito, porém tinha certeza que era ele.

            — Oi? Você entra sem ser convidado no meu apartamento e não responde a minha pergunta. Quem foi que te convidou? Quero você fora daqui imediatamente!
            — Isso é jeito de tratar um grande amigo? Aquele que você se declarou há anos atrás... Lembra da história que vivemos juntos — ri — Eu realmente queria ficar com você aquele dia e...
            — Cala essa boca! Você não vale absolutamente nada e eu não quero nem ter que olhar pra sua cara por um segundo. Se retire da minha casa agora, ou eu terei que colocá-lo pra fora daqui a força!
            — Pra quê tanta violência? — perguntava com a voz mais sonsa que já ouvi no planeta — Creio que não seja hora de tratar as coisas assim... Aliás... Não disfarce... Sei que está muito fraco pelo que passou no Submundo e não está com todas as suas forças, certo? Se já a tivesse, teria me jogado daqui desde que me viu...
            — Eu acabei de sair do banho. Não está vendo? Aliás... Se entrou dessa forma deve estar louco pra assistir a um striptease.
            — Quem sabe... Hoje a noite vai ser mais interessante do que os seus momentos no Submundo. Acho que percebeu que o seu prédio foi esvaziado, não é?
            — Eu vi várias pessoas andando aqui pelos arredores e desconfiei que algo estivesse acontecendo. Não sou tão descuidado assim e...
            — Tem noção do que vai acontecer aqui, seu garoto imprestável? — aumenta o tom de voz — Farei aqui mesmo o ritual da morte do último virtuoso!


            — Como imaginei... Era isso que você queria, não era?
            — Anne! Saia daqui agora e não deixe absolutamente ninguém entrar nesse quarto!
            — Anne? Você vai obedecer às ordens desse cara? — pergunto desapontado.
            — É que... Honey... Eu...
            — Ai garota fresca... Para de ceninha! Essa sua amiguinha esteve ao meu lado o tempo todo, é isso. A função dela era espioná-lo completamente e passar as informações pra mim. Eu a fiz comentar até do seu desempenho sexual, tamanho do seu membro — ri — Sei de mais coisa do que você imagina.
            — Quer dizer que você esteve ao lado desse crápula o tempo inteiro?
         — Não honey, as coisas não foram assim... Eu sinto muito... Eu...

            Anne tenta dizer algo, mas é empurrada por Phillip para fora do quarto que a ameaça e logo em seguida fecha a porta como se já tivesse autoridade sobre algo ali. Quem esse lixo pensava que era? Mas devo concordar que ele tinha razão em algo... Eu estava muito fraco! Não descansei desde que pisei os pés naquele lugar horrendo e era tudo que meu corpo queria nesse momento. Como poderia entrar em uma luta pela minha sobrevivência nesse exato momento? Eu preciso de ajuda! Tenho que admitir isso.

            Phillip finalmente retira o capuz e é possível ver seu rosto. A visão que tive era tensa. Metade dele estava com fortes queimaduras. Provavelmente aconteceram no dia da explosão que eu lhe dei de presente.

            — Sabe de quem é a culpa por meu rosto estar assim? Sabe quem destruiu meu lindo rosto? Sabe quem? — me chuta fortemente — Você! A culpa é sua!

            Não podia deixar esse babaca me bater e mesmo fraco, ainda tenho meu orgulho e dignidade! Vou quebrar a cara desse idiota nem que use minhas últimas energias. Porém algo estranho acontece. Minha visão se distorce um pouco e sinto meu corpo ficar “mole” e mais fraco ainda. O que era isso?

            — Ora, ora... Aquela incompetente estava morrendo de remorso, mas fez a sua parte corretamente — ri — Você está sob efeito de uma droga que o enfraquece a cada minuto. Ela tem quase os mesmos efeitos de uma anestesia, porém só deixa seu corpo “relaxado”. Não alivia dores...

           Anne havia a injetado em mim quando me abraçou. Não consigo entender como não percebi e nem senti nada. Isso era muito estranho. Antes mesmo que eu fizesse alguma pergunta, o mau caráter me empurra e me joga em cima da minha cama. Eu não conseguia me mover e estava desesperado! Estava nas mãos desse cara e meu corpo não reagia direito. Ele retira uma pistola do seu bolso e aponta pra mim. Pensei que nesse exato momento ele atiraria e acabaria com isso de uma vez por todas, porém para minha surpresa, começa a abrir meu roupão e passar a arma pelo meu corpo com aquele olhar asqueroso.

            — Ainda temos tempo... Será que devo matá-lo agora ou posso me divertir... Um pouco?

            Enquanto isso, uma moto chega freando muito bruscamente e dela descem Bianchi e Bruce. Foi possível ouvir esse barulho até do meu quarto. Ambos dão de cara com Raihr e Marcella na recepção do prédio.

            — Mas que atrasados! O que estavam fazendo? Por acaso fizeram uma pausa no motel pra aliviarem as tensões? — pergunta Raihr.
            — Nossa, que engraçado você... O que acha de abrir um circo e se contratar como palhaço principal? — retruca Bianchi.
            — Que mau humor, garota! — comenta Marcella.
            — Eu receberia um prêmio Nobel se aturasse vocês dois e conseguisse ficar sorrindo...
            — Calma Bianchi! — Bruce tenta apaziguar as coisas — Pra que o Phillip pediu que viéssemos aqui nesse lugar?
            — Você não sabe? Isso que dá ficar jogando tanto tênis e não prestar atenção nas coisas — ironiza Raihr — O imperador soberano está tratando do acerto de contas final com aquele idiota.
            — O quê? Esse aqui é o prédio que o Leo mora? Mas o que aquele babaca pensa que está fazendo? — pergunta Bianchi chocada.
            — Espera aí! Ele tinha dito que Leo participaria do Jogo da Morte e se conseguisse fugir vivo de lá, não iríamos mais entrar no caminho dele. Isso vai contra o que combinamos! — responde Bruce alterando um pouco a voz.
            — Olha aqui... — Raihr segura Bruce com força e o encara com um olhar maníaco e assustador — Uma coisa é você ser imprestável e tê-lo deixado fugir junto com sua amiguinha idiota. Outra coisa é questionar os planos que o grande Phil faz. Se é contra algo, eu acabo com você aqui agora. Sua função é fazer parte da defesa e impedir que qualquer indivíduo atrapalhe, entendeu? Recebi a informação de que sua irmã será morta se você não obedecer as ordens!
            — Minha irmã! Como você sabe disso? Onde é que ela está? Eu quero vê-la agora mesmo..
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            Raihr mostra um vídeo gravado em seu celular para Bruce. Num local escuro, uma mulher estava amarrada enquanto chorava muito. Bruce reconhece a sua irmã e grita com Raihr para libertá-la imediatamente. Raihr dá um forte tapa no rosto de Bruce e diz que a partir de agora, ele é quem estava a frente do grupo depois de Phillip e que se desobedecesse qualquer ordem, a irmã dele seria morta. Bianchi se contorce e fecha os punhos e quando estava prestes a bater em Raihr, sente que Marcella segurou sua mão.

            — Querida, se eu fosse você nem ousava fazer nada. Qualquer atitude impulsiva sua poderá prejudicar a vida da irmã do seu amiguinho.
            — Vagabunda... — diz Bianchi baixinho e com raiva aumentando a voz logo em seguida — Você ainda está viva por sorte da tecnologia do Doutor Vincent e não tem nada que debochar de falha de alguém aqui! Nenhum de vocês dois! Ou já se esqueceram do maravilhoso desempenho que tiveram em suas missões? Estamos lidando com um Virtuoso e não com qualquer pessoa! Se ele não tivesse um bom coração, já teria matado cada um de nós quando teve oportunidade, inclusive o próprio Phillip teria morrido naquela explosão.
            — Do que está falando sua ridícula? — pergunta Raihr furioso, mas logo é interrompido pela chegada de quatro pessoas.

            Mais preparados e furiosos pelo que já tinham suspeitado, estavam ali: Marky, Lucas, James e Amanda. Os quatro encaram o quarteto de Phillip por alguns segundos
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            — Eu só direi uma vez. Saiam daí imediatamente para que possamos ver o meu mestre, ou irei tirar cada um à força — diz Marky com um olhar completamente em fúria.
            — Ahn? — Raihr dá risadas — Ninguém entra nesse local pra interromper nada que meu imperador magnífico e perfeito estiver fazendo. Só por cima do nosso cadáver — olha para Bianchi e Bruce.
            — Acho que teremos que partir para um ataque, Marky. Não perdoarei quem ousar tocar no meu Leo — diz James.
            — Seu Leo? — pergunta Amanda — Apesar do detalhe imaginário e possessivo, é isso mesmo que ouviram!
            — Estou ouvindo direito? Com quem essa patricinha fraca e ridícula pensa que está falando? — comenta Marcella.
            — Leo está lá em cima na presença do Phillip e o tempo corre. Temos que impedi-lo de realizar o ritual ou será tarde demais! — alerta Lucas.

            Marcella surpreende James por trás e o ameaça com uma pistola. Ela diz que se fizerem algo, ela aperta o gatilho e adeus pra ele. Marky fica com mais raiva ainda, mas tem noção de que agora a vida de alguém que seu mestre gostava muito estava em jogo. Amanda se descuida e Raihr a captura. Ele começa a espancar a garota.

            — Da outra vez não dei um fim em você, né patricinha? Agora irei te bater até a morte. Ela vai servir de exemplo pra vocês!

            Bianchi e Bruce não se moviam. Marky e Lucas eram os únicos livres e não sabiam se lutavam contra eles ou tentavam ajudar os outros. Qualquer movimento desnecessário podia custar a vida de um deles.
            — Ei, maníaco do tênis imprestável! Tome conta desse anão de óculos. Apenas o mate logo, pois ele é o “cabeça” do grupo. E nem pense em resistir ou sua irmã vai pro outro mundo.
            — Bruce, você não pode fazer isso se não quer e... — diz Bianchi.
            — Nesse momento, a vida da minha irmã é o que importa — coloca o braço em frente à Bianchi impedindo que ela fizesse algum movimento — Eu o obedecerei.
            — Mas Bruce... Droga!

            Lucas se prepara e Bruce se aproxima. Raihr pede a ele que use uma shinohana, já que estava sem a sua raquete. Bruce diz que não precisava disso e usaria apenas sua determinação por salvar sua irmã. Raihr ri e dá outro soco em Amanda. Logo em seguida, percebe que Marky surge em frente à Lucas.

            — Bianchi, a empregada é sua! Deixei a mais forte dos quatro pra você se divertir. Vá mostrar que você não é imprestável, pelo menos uma vez.
            — Claro... Você vai ver quem é a imprestável... — Bianchi caminha na mesma direção que Bruce.

            Marcella enforcava James usando seu braço esquerdo enquanto o ameaçava com a arma. Ela ri daquela situação toda e debocha.

      — Esse é o grupo do Leo? Que patético! Uma empregadinha, um nerd, um executivo e uma patricinha. Imagina a decepção que ele vai ter quando avisarmos pra ele que os quatro foram todos mortos. Vai ficar tão chocado e vai morrer na solidão!

Marky se lembra do dia que conheceu Leo, logo depois que ele a salvou no sanatório. Os dois estavam trancados em uma cela escura e afastada de tudo. Leo estava sentado e chora discretamente. Marky pergunta o motivo e ele diz que apenas havia se lembrado de alguém que havia “partido” e por isso ele ficou na solidão. Ela então estende a mão e mesmo sem entender, diz que ela era grata por ele tê-la salvo e seria sua “serva” de agora em diante, acabando com sua solidão.

— Ninguém vai deixar meu mestre na solidão...

Bianchi para de seguir Bruce e apenas observa. Ela sentiu que Marky iria fazer algo e se prepara. Porém não era com ela. Em questão de segundos, a garota de cabelos púrpura surge atrás de Marcella e lhe dá um golpe fatal. A víbora larga James e a arma cai no chão. Ela se vira para trás e vê quem havia a atacado.

— Desgraçada...
— Você não vai mais acabar com ninguém que meu mestre goste.

Marcella cai no chão e fecha os olhos. Dessa vez ela estava realmente morta. James agradece e pega a pistola. Raihr ameaça matar Amanda e se desespera ao ver que Bianchi havia desaparecido.  Ele recebe um chamado e joga a garota na porta de vidro do prédio. James a ajuda enquanto Marky encarava Raihr. Lucas e Bruce estavam em um combate “corpo a corpo”. De repente uma pequena bomba explode e solta fumaça por todos os lados. Esse foi o momento exato em que todos usaram pra se dispersar e adentrar o prédio.

            Eu ainda estava em péssimas mãos. Meu corpo estava cada vez mais fraco e vulnerável. Imagine como eu estava me sentindo nesse momento. O meu grande inimigo estava livre para me torturar, me usar e me matar a hora que quisesse. E sabe o que eu podia fazer nesse momento? Orar!

            — Agora que você está vulnerável, vai ser mais fácil te fazer pagar por tudo! Mas antes disso — passa a mão pelo meu peitoral e me faz sentir calafrios — Você mudou hein... Parece que “encorpou” mais... Isso é interessante. Você não tem um corpo de se jogar fora. Acho que ele deve ser usado pelo menos uma última vez, que tal?

            — Não por você, seu nojento!

            Phillip não dá ouvidos a Leo e dá uma lambida lenta em seu mamilo. Em seguida, dá um forte soco no meu peito. Senti minha respiração ser quase interrompida e senti uma dor muito forte. Essa droga injetada intensificava as sensações?

            — Isso é pra você aprender! Teremos uma sessão de prazer mista a dor antes do seu ritual de sacrifício. Agora quero saber como é esse negócio aqui — coloca a mão no meu pênis — Não é tão grande quanto o que tenho aqui, mas serve... Tem uma glande sensacional... Como é que eu nunca reparei isso antes? — pergunta enquanto fazia movimentos de vai e vem.

            Eu me controlava pra não soltar nenhum gemido. Apesar de toda a situação, meu prazer estava sendo intensificado. Porém nem tudo eram rosas e logo sem seguida ele posiciona seu pé e dá uma pisada na minha barriga. Que dor! Ele vai até o meu banheiro procurar algo enquanto eu agonizava de dor. Aparece com um creme e diz que teria que ser aquilo. Sem cerimônia ele começa a passar os dedos ao redor do meu ânus e vai introduzindo de um jeito altamente agressivo. Esse desgraçado estava... Me machucando!

            Nesse momento, Anne ouvia do outro lado da porta meus gemidos mistos a dor e o quanto eu implorava para que Phillip parasse com tudo aquilo. Ela estava agoniada e se assusta ao ver a porta abrir. Era Raihr. Ela diz desesperada que Phillip estava torturando Leo e isso a agoniava muito. Raihr ri e a ironiza.

            — Queridinha... Apoio tudo que meu imperador Phil fizer. Aliás, se for contra avise que já te mato agora mesmo. Deixe-o com o sacrifício e não se meta. Se estiver tão incomodada, vaza daqui que eu mesmo vigio essa porta.

            De repente um barulho é ouvido no corredor do andar. Raihr ordena que Anne fique na porta do quarto. Phillip começa a fazer sugestões do que poderia fazer comigo caso não me matasse. Uma delas era me vender para ser garoto de programa de ricos empresários que ele conhecia. Ele diz que eu precisaria passar por um teste com eles primeiro e logo depois estaria sob a custódia deles. Que ideia repugnante!

Raihr fica impressionado ao receber um forte golpe de James e cair. Marky surge logo em seguida e por último Lucas ajudando Amanda a caminhar. Raihr entende que os outros dois foram derrotados e os chama de inúteis. Porém para a sua surpresa, Bianchi e Bruce surgem na porta do apartamento e antes que ele pudesse dizer algo, Bianchi dá um forte soco em sua barriga e o crápula cai imediatamente. O impacto havia sido forte e a atitude da garota surpreende Anne.

Phillip estava tão distraído com o que fazia comigo e nem notou a presença dos outros. A entrada silenciosa de Bianchi e Bruce, o “silenciamento” momentâneo que ela fez no bajulador contribuiu muito. Foi como um tiro que eu dei no escuro. Essa era a hora de saber de tudo... Mas não apenas eu...

— Já que esses são seus últimos momentos... Acho que seria bom você saber de tudo antes de morrer — diz o insuportável.
— Ah... Eu também acho ótimo...

Nesse momento eu notei que todos que estavam na sala fizeram silêncio. Perfeito...

— Como você sabe... Eu realmente sou o responsável por muita coisa que te aconteceu nesses últimos anos. A começar pelas vezes que eu realmente tentei te matar. Sim... Uma pena que nenhuma delas deu certo. Eu queria me livrar de você de qualquer jeito e já não suportava mais a sua presença irritante querendo ser meu amigo. Como é que eu ia ser amigo de alguém como você? Um cara ridículo e que sorria o tempo todo, via a vida como se tudo fosse um filme... Você me irritava!
— Tenho certeza que não quis me matar apenas porque achava que eu te irritava...
— Porque você é um virtuoso! Você é um dos sete virtuosos e possui dons incríveis e isso não é de dar inveja? Como alguém poderia imaginar que o sangue de um virtuoso corria por suas veias? Isso me deixou furioso e pesquisei a respeito da lenda dos virtuosos. Descobri tanta coisa e me preparei para exterminá-lo e roubar seu poder de vez.
— Roubar meus poderes?
— Existe uma forma.  O ritual anti-virtuoso! Por meio dele obterei seu olhar maligno dos sonhos e a mão de Saturno.
— Então quer dizer que você só está usando os outros? Porque você não quer esses benefícios para ajudar seus amigos, tenho certeza.
— Isso não é óbvio? Foram todos apenas peças do meu jogo. Que tolo aquele Doutor Vincent ao me contar os procedimentos do ritual. Mal sabe ele que assim que tiver esse poder matarei Regis, ficarei com o dinheiro todo do irmão dele e terei uma vida fácil. Marcella... Aquela vagabunda é capaz de ficar ao meu lado mesmo sabendo que não quero tocar nela desde a única vez que nos beijamos na época da faculdade. Típica mulher de bandido. Quanto ao Bruce, continuarei usando até onde eu achar cômodo. A irmã dele é mantida em cárcere adivinha por quem? Isso mesmo... Euzinho aqui.
— Como eu esperava... Desde que ouvi isso da Jennie...
— Jennie Spagnola? Teve contato com essa mulher? Grande coisa... Ela nunca fez diferença mesmo. Isso me fez lembrar da relação péssima que ela levava com a Bianchi... Que aliás, é uma que pretendo manter em meu círculo. Ela me suporta apesar de estar mais dura comigo e adoro fofocar com ela. Apenas isso. Esperava o quê? Que eu dissesse que amo meus amiguinhos? Não seja ridículo! Esse tipo de sentimento é patético!
— Que pretensioso... Mas e aquele tal Raihr...
— Eu não o suporto mais. Não vejo a hora de despachá-lo pra bem longe quando tiver a oportunidade. Ele me sufoca e me irrita! Consegue ser pior que você. Não sei por que atraio esse tipo de gente... Deve ser a minha beleza... Que aliás... Meu rosto...
— Me diga mais uma coisa. Sobre minha mãe e aquele dia... Era você quem tinha me levado pra aquele lugar, não era? O que aconteceu dentro daquele apartamento? Eu só quero ouvir isso antes de você fazer o que quer, pois vejo que infelizmente esse será o meu fim.
— Acho que está pedindo demais, mas como você vai pro além daqui a pouco... Naquele dia quando você entrou no banheiro eu apenas me grudei ao teto com um acessório muito bom e útil que o Doutor Vincent me emprestou. Ele tinha interesse em estudar os virtuosos e eu fingi que iria ajudá-lo com isso. Aquelas pernas que você viu eram apenas o mero cadáver do sexto virtuoso.
— Você o...
— Não sujei minhas mãos. Mas a ordem foi minha.
— Você é um desgraçado mesmo hein...
— E mais... Te levei ao Submundo. Você estava dentro do santuário, onde esse ritual de hoje seria realizado. Não sei como conseguiu sair de lá e voltar para a cidade, mas eu já tinha minha surpresa preparada. Sua mãe seria usada como refém pra que você voltasse ao Submundo. Porém... Você chegou em casa justo no momento que a pessoa que eu contratei ia realizar o serviço. Segundo ele, você tentou matá-lo e sua mãe tentou te defender dele. Pobre mulher... Acabou morta por levantar a mão para um assassino... Assassino que até hoje acreditam ser você... Mas é claro que não foi — ri.
— Seu desgraçado — grito — Não sabe o quanto eu sofri!Como pôde tirar a pessoa que eu mais amava? Como pôde acabar com minha vida? Só está confirmando tudo que eu já sabia — me controlo e Phillip se joga em cima de mim colocando a arma no meu peito.
— É claro que sei... Sofreu pela morte dela e por ter sido o provável suspeito. Eu planejei tudo isso e em meu depoimento, confirmei que você tinha problemas mentais e precisava de tratamento. Suas alucinações não paravam e te enviaram para um sanatório... E no fim da história é claro que ninguém acreditaria em você. Puxa, que pena hein... Passei cinco anos tendo que viver uma mentira só por esse momento onde finalmente posso ser eu mesmo.
— Você é cercado de mentiras... Você é um mentiroso que se diverte ao enganar os outros... Porém, um dia todas essas mentiras e enganos se voltariam contra você. Isso foi algo que eu disse e se cumpriu... Seja bem-vindo ao seu fim, Phillip — arregalo os olhos que estavam brilhando.
— O que você está dizendo? Está prestes a morrer e fica dizendo babaquices — ri — Que patético — puxa o gatilho e atira em meu peito, fazendo sangue jorrar e espirrar em seu rosto.

Phillip gargalha e grita que finalmente conseguiria ser um virtuoso. De repente a visão dele começa a embaçar e escuta o barulho da parede ser destruída e vários policiais o cercarem. Eles o algemam e dizem que ele estava preso por homicídio. Phillip tenta se fazer de vítima e diz que foi em legítima defesa. Um dos policiais diz que ele apodreceria na cadeia e ao olhar diretamente pra ele, o choca completamente. O policial era eu.  De repente tudo se destrói como um espelho e Phillip percebe que está sentado em minha cama enquanto estávamos todos o observando.

— O que vocês... O que eu... O que... Cadê? Cadê aquele virtuoso?
— Estou bem aqui — surjo ao lado de James e Amanda.
— Como é que você foi parar aí? Que diabos é isso?
— Se acalme Phillip. Não gostou do sonho? Você apenas caiu no meu olhar. O olhar do último virtuoso!


[Continua...]

2 comentários:

  1. Gostei do blog, um conteúdo muito bom mas o visual do blog ta meio fraco

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    1. Obrigado! Bom, resolvi adotar um modelo mais simplista de visual ;)

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