segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

[O Último Virtuoso] Capítulo Final - O Último Virtuoso



“Não há virtude, rigorosamente falando, sem vitória sobre nós mesmos e nada vale o que nada custa.” Xavier Maistre

O clima fica tenso. Phillip percebe que estava encurralado e demonstra ódio em seu olhar após ouvir minhas palavras.

— Maldito virtuoso! — grita em um tom altamente agressivo e aponta a arma pra mim.
— Ainda insiste nisso... Olha, essa arma...
— Não me interessa! O que esses dois lixos estão fazendo aqui dentro desse quarto? Por que diabos a vagabunda da Anne deixou vocês entrarem aqui?
— Não foi tão difícil convencê-la a nos deixar entrar aqui — diz Amanda que se apoiava em mim por estar ferida.
— E os outros? Como é que passaram por eles? Isso não faz o menor sentido!
— Pela distração e a diminuição do número dos seus aliados. Aquela víbora da Marcella não está mais aqui para espirrar seu veneno. Finalmente aquela louca pode nos deixar em paz. Ela foi morta — diz James.
— Uma pena que morreu sem conhecer a verdadeira face desse monstro nojento que a usou o tempo inteiro... — comento sem nem medir palavras.
— Interessante... Olha que trio lindo e burro. Eu tenho uma arma em minhas mãos e acabarei com os três. Só preciso escolher quem mato primeiro. Como são tolos de ousarem entrar aqui. Podiam ter deixado esse imprestável virtuoso morrer sozinho. Ninguém gosta dele — grita Phillip.
— Cale essa boca! — James grita com Phillip, que aponta a arma para ele imediatamente.
— Eu falei algo errado? Por que se doeu tanto, imprestável? Ah, já sei... Pensou que fosse ter um final feliz com ele, não é? Entenda que se ele sobreviver é mais fácil ficar com essa piranha aí do que você.
— Como é que é? Não me chame de piranha, seu monstro! — Amanda se exalta um pouco — Você nem me conhece e não te dou esse direito.
— Chega de conversa fiada. Esse gerente ridículo vai ser o primeiro a ir embora. Prefiro acabar com quem você gosta primeiro e ter o gostinho de te ver sofrer antes de morrer.

Phillip puxa o gatilho da arma e nada acontece. Ele tenta outras vezes e se desespera ao ver que nada acontecia.

— Permita-me dizer que enquanto você estava sonhando e entrei nesse quarto, consegui pegar sua arma e tirei isso aqui — James mostra a munição — É uma pena, pois sei muito bem lidar com isso. Eu diria que tudo que aconteceu aqui já é mais do que suficiente e comprovei que Leo Cavallini foi considerado suspeito injustamente e foi enviado a um sanatório sem motivos.
— James... Você é um agente de polícia, não é? — pergunto — Como imaginei...
— Exatamente. Estive investigando seu caso e tive que me passar por gerente da Soldi & Succeso. Foi lá onde fui vigiar de perto a pessoa que eu acreditava que era um grande suspeito. Hoje tudo se confirma, Phillip Neddfor.
— Ora, ora... Então o gerente é um agente — diz Amanda — Por acaso o que você disse sobre o Leo no Submundo hoje...
— A mais pura verdade. É como num filme... Eu fui contratado para investigá-lo e acabei me apaixonando verdadeiramente. Você é o primeiro homem que faz o meu coração bater tão forte de alegria só de pensar em você. Isso mexeu comigo durante dias e eu sabia a que caminho me levaria. E depois de ouvir sua história, vi o quão maltratado você foi por esse cara ridículo que se passou de amigo todo esse tempo. Quando isso acabar, quero poder passar mais momentos com você.

Fiquei muito surpreso com a declaração que James havia acabado de fazer. Isso havia chocado até o próprio Phillip que ainda estava sem saber o que fazer já que sua arma não servia para nada naquele momento. Amanda se contorcia ao meu lado e deixa escapar algumas palavras.

— Não marque coisas assim com ele sem ouvir uma resposta. Eu... Eu não acho que ele possa estar tão apaixonado assim por você e nem você é o único que talvez goste dele. Pode existir outra pessoa que tenha se interessado justamente por ter tido seu orgulho quebrado... E também por ver o quão preciosos foram aqueles momentos que passaram juntos. Essa pessoa pode querer conhecê-lo mais e...

— Essa pessoa é você, não é? — pergunto.
— Bem... Não que seja eu e...
— Querem fazer o favor de calar essas malditas bocas! Não sou obrigado a assistir esse show de declarações.
— Ah é mesmo? E o que pretende fazer? Acabou pra você... Será que não entendeu até agora — digo a ele.

Marky e Lucas entram no quarto e logo em seguida chegam Bruce e Bianchi. Phillip afasta um pouco e começa a gritar enfurecido.

— O que toda essa gente faz aqui? Era pra vocês estarem lá embaixo segurando os amigos desse virtuoso idiota. Cadê aquele imprestável do Raihr? Anne! — grita — Onde é que está essa vadia? Bianchi e Bruce, se mexam e acabem com esses lixos e...

— Cala essa boca — grita Bianchi.

A senhorita Bianchi realmente reinou com o dom de silenciar pessoas no dia de hoje. Por uns cinco segundos todos ficaram em silêncio, até que aquele idiota retruca.

— Como ousa a gritar comigo nesse momento?
— Eu estou cansada de tudo isso! Pensa que não ouvimos? Nós sabemos do que você fez e o que pensa. Não que eu já não soubesse de uma boa parte... Agora a parte sobre mim, a da mãe do Leo e até a irmã do Bruce que você ainda não libertou... Eu realmente não podia esperar menos de alguém como você!
— Phillip! Olha pra mim aqui agora — Bruce o segura pela camiseta — Você pensa que somos suas marionetes? Nos envenenou contra o Leo esse tempo todo e agora sei que é você quem mantém a minha irmã em cárcere. Eu exijo que a liberte agora — grita.
— Até você se voltou contra mim agora, seu bastardo de merda...
— Mais uma palavra me agredindo e eu partirei pra agressão física. Diga onde minha irmã está! .
— Eu não direi nada. E se continuar contra a mim, esse virtuoso vai te matar e você realmente nunca mais vai ver a sua irmãzinha idiota...

Bruce dá um soco na cara de Phillip, que se afasta ao ver que havia machucado. Bruce tenta se controlar, mas cai de joelhos e chora em desespero. Chora por não saber mais o que fazer, por ter sido enganado. Essa foi a primeira vez que o vi fazendo aquilo. Ninguém se aproximou dele. Infelizmente eu não tinha mais a mesma compaixão em relação a sua pessoa. Phillip não deu a mínima, pra variar.

— Vejo que está com muitos problemas internos, Phillip. Que tal resolvê-los fora do meu apartamento — sugiro ironicamente.
— A culpa disso é toda sua... Se não tivesse atrapalhado com essa sua existência — passa a mão na boca e tira um pouco do sangue — Como foi que você usou esse seu olhar maldito em mim? Você só pode usá-lo no máximo duas vezes ao dia e eu fui prova de que fez o uso dele com Bruce e Bianchi hoje lá no Submundo!
— Vejo que você não sabe muito sobre os virtuosos como se gabou. Vou aproveitar que todos estão presentes e explicar uma coisa, arrogância em pessoa. Quando li os arquivos que a Jennie pediu que eu pegasse na casa do Regis, descobri que os virtuosos podiam ampliar seus poderes do olhar de forma a atingir várias pessoas e despertar os efeitos quando quiser. Mantive isso em segredo de todos, pra usar na hora certa. O que eu sofri no Submundo foi real. Realmente apanhei, quase fui estuprado e morto... E tudo para conseguir usar meu trunfo contra você. Ou pensou que aquela explosão era o fim? Que tolo... Olhei para todos os juízes quando o Stefan me levou até vocês. Esse foi o único momento que usei meu olhar de verdade. Os outros foram apenas ilusões já criadas pela técnica que aprendi. Apenas ativei a ilusão no momento que achei mais oportuno, pra você acreditar que já tinha chegado ao meu “limite”.
— E por que diabos ficou vulnerável aqui? Vejo que está sentindo todo o seu corpo! Com a droga não era nem pra conseguir se levantar por umas sete horas!
— Ah, essa parte é interessante. Eu apenas fingi que estava assim e você caiu em outra armadilha. Anne não injetou nada em mim. Essa foi a forma de se desculpar pelo que fez.

Nesse momento Anne surge na porta e pisca para Phillip.

— Sua vadia!
— Eu era uma agente dupla no fim das contas. Posso ter errado no começo, mas estou do lado do meu honey!
— Phillip... Acabou! Se ainda lhe resta alguma dignidade, saia desse apartamento e nunca mais volte a atormentar alguém aqui, na boa — diz Bianchi.

Tudo parecia que se resolveria. Marky estava se contendo desde o início e eu sei que se eu desse a ordem, ela mataria Phillip em questão de segundos. Porém a situação era diferente. Apesar de tudo eu não desejava mais a sua morte... Eu acho que ele precisava pagar pelo que fez, mas não com a própria vida... E nesse momento, eu fiz tudo o que deveria e até o que não deveria. Acho que essa história com ele já estava em seu fim. Porém, havíamos esquecido de que ele ainda tinha um fiel aliado. E foi exatamente esse outro ser, que acabou com um possível desfecho da história. Raihr empurra Anne e para ao lado de Phillip.

— Imperador soberano — diz Raihr todo ferido — Está bem? — se ajoelha — Perdão! Marcella foi morta e eu caí em truque desse monstro outra vez. Acabei sendo enganado e traído por esses dois — aponta para Bruce e Bianchi — e nem a shinohana foi suficiente pra fazer algo. A droga não reage mais no meu corpo e não sei o porquê. Bem... Como prova da minha lealdade, eu te entrego a arma final.

Raihr entrega uma adaga à Phillip. Nesse momento todos ficam em alerta. Ninguém imaginou que aquilo poderia acontecer.

— Agora você pode realizar o ritual e acabar com esse virtuoso ridículo e se tornar o mais poderos...
— Que insignificante — diz Phillip enquanto comete um ato que choca a todos os presentes. Ele havia cravado a adaga na barriga de Raihr e a retira rapidamente.
— Imperador... — passa a mão e vê todo aquele sangue que saia livremente pelo corpo por ação do grande objeto de exaltação — Mas por quê?
— Porque você é você... Irritante e grudento... Por acaso acha que eu iria te querer ao meu lado? Ia me livrar de você mais cedo ou mais tarde. Eu sou assim.
— Eu... Eu só... — uma lágrima escorre em seu rosto — Eu só queria... — o megero cai no chão e fecha os olhos. Havia acabado de ser morto por quem idolatrou o tempo todo.
— É assim que trata os seus amigos? Você os usa por conveniência e quando não servem mais pra você, apenas se livra? — pergunta Marky
— Eu não sou obrigado a responder nada pra uma empregadinha como você. E se alguém se aproximar de mim, eu mato sem nem pensar — aponta a adaga.
— Incrível como você não sente um pingo de arrependimento pelo que acabou de fazer. Esse cara era um babaca, mas te enxergava com admiração — diz Bianchi — Ele trouxe algo pra tentar te ajudar e você o matou... Eu estou sem chão.
— Bianchi... De que lado você está?
— Eu não estou do seu lado! Eu não estou do lado do Leo. Eu não estou do lado de ninguém! Tire da sua cabeça essa história de que sou sua fiel ajudante e amiga das fofocas.
— Quer dizer que... Desde esse tempo você... — pergunto surpreso.
— Isso mesmo, Leo. Eu não estou do lado de alguém aqui em específico e tenho certeza que você teve uma prova disso na Casa do Vincent.
— Então era mesmo você... A pessoa que acabou com a maioria dos seguranças daquele lugar e dificultou que o Raihr nos encontrasse. Você era a moça de cabelos longos que ouviu a minha conversa com a Jennie e de certa forma facilitou o meu ingresso para que eu pudesse ter acesso aos arquivos que ele guardava...
— Exatamente... Eu só achei que como virtuoso, você tinha todo o direito de saber sobre você.
— Está dizendo que ajudou esse cara a pegar aqueles arquivos? O Dr. Vincent sequer me deixou ler e por isso pedi ao Raihr para ir até lá procurá-lo e matar quem interrompesse! Sua traidora! Merece morrer junto com todos esses lixos aqui! Sabia que não podia contar com ninguém!

Phillip se revolta e tenta atingir Bianchi com a adaga. Para a sua surpresa, tem o braço imobilizado por Marky que o olha com seu olhar frio e assassino.

— Você não vai mais matar ninguém aqui.

Phillip gira e acerta o braço de Marky. Sem nem pensar duas vezes, me aproximo e o seguro com minha mão direita, fazendo com que a adaga caísse.

— Como ousa machucar a Marky?

Todos da sala estavam espantados ao olharem minha feição. Meus olhos estavam vermelhos e a vontade de matar percorria meu corpo como o meu sangue. A minha vontade naquele momento era a de usar a minha força e perfurar seu corpo. Porém eu me controlo e o largo no chão.

— Saia da minha casa imediatamente. Se não desaparecer da minha frente, eu te mato.
— Ok. Estou saindo daqui. Mas eu voltarei. Com a fortuna do Regis, posso me reerguer ainda.
— Que fortuna do Regis? — pergunta uma voz misteriosa.

Nesse momento Bianchi estava ajudando a estancar o sangue do braço de Marky e Bruce até parou com seu momento de remorso. Aquela voz era familiar e estava vindo de algum lugar misterioso dentro do meu apartamento.

— Phillip... É uma pena não estar aí para ver a sua cara. Tenho uma notícia para você.
— De onde vem essa voz? Eu sei muito bem que é você, doutor Vincent! — responde nervoso.
— Ora, ora... De onde vem a minha voz não interessa. Só tenho que dizer que você foi útil até esse certo ponto. O meu irmão já sabe de tudo e se eu fosse você nem apareceria na Soldi & Succeso e muito menos na casa dele. Eu invadi o sistema de gravação dessa casa e enviei diretamente a ele. A sua máscara caiu...
— Desgraçado!
— Acho melhor não me insultar, afinal você planejava um golpe não era? Entenda que eu queria o Virtuoso vivo para fazer alguns estudos, porém uma senhorita de sobrenome Spagnola me ajudou muito. Não preciso mais de você... Mentiroso!
— O que está dizendo? Doutorzinho de merda!
— Peço desculpas pelo inconveniente, mas tenho que ir. É claro que enviei uma surpresinha para você e terá muito tempo para aproveitá-la.

Feito isso, vários policiais invadem o meu apartamento e prendem Phillip. No fim das contas, o doutor Vincent se voltou contra ele e deixou toda a armadilha final esquematizada. Ele acabou de cair no próprio golpe e experimentava do seu próprio veneno. Foi traído por quem achava que estava enganando. Phillip gritava e parecia um louco se justificando. Aquela foi a última vez que o vi... Ou melhor, que ele me reconheceu.

Algumas semanas se passaram desde o ocorrido. James foi testemunha chave e comprovou que eu era inocente. Graças a isso, a explosão que eu havia causado passou batida, por muita sorte. Afinal, fui muito espero em não deixar evidência alguma que provasse que fui eu. Com isso, voltei a trabalhar normalmente na empresa. Anne havia se demitido e mudou-se para outra cidade. Apesar de ter me ajudado no final, ela ficou extremamente envergonhada pelas coisas que fez. Admito que aquele “honey” logo cedo fazia falta.

Amanda havia sido contratada e costumava me fazer visitas. Seu jeito não mudou e ela parecia mesmo estar apaixonada por mim. É uma pena que eu ainda não pudesse correspondê-la com essa intensidade. Eu a admirava como mulher e profissional, porém as coisas ainda se chocavam quando James surgia. E quanto a esse, não trabalhava mais na Soldi & Succeso já que sua missão estava completa. Eu e ele nos encontrávamos regularmente e é claro que já aconteceram muitas vezes no meu apartamento ou dele. Mesmo assim, algo ainda me deixava confuso...

Bruce conseguiu resgatar sua irmã graças ao misterioso doutor Vincent que desapareceu e até hoje ninguém mais o viu. Ele voltou com ela para a cidade deles e finalmente deve ter emplacado na carreira de tenista, sem ameaças ou ordens de alguém como o Phillip. Disseram-me que ele tentou convencer Bianchi a ir com ele, mas ela se recusou. Ainda acho que ele voltará aqui, conhecendo bem aquela figura...

Depois do ocorrido, fui a um local específico. Era o cemitério da antiga cidade. Observo Bianchi parada em frente a uma lápide e ao ver aquele dia treze, entendo o que ela fazia ali. Escolhi o dia certo para encontrá-la.

— Leo? — olha um pouco espantada enquanto tenta disfarçar as lágrimas.
— Eu sabia que estaria aqui... Sete anos, não é?
— Sim... Incrível como ainda lembra. É alguém que ainda me faz muita falta.
            — Eu imagino... Você também fez falta.

            Uma brisa calma passa por ali e Bianchi sorri. Não vejo esse sorriso há um bom tempo.

            — Você também. Sabe... Passar uma borracha nessas coisas escritas à caneta pode parecer bem difícil. Mas... Acho que agora finalmente me sinto livre e me desculpe por tudo.
            — Sem problemas... A vida é como uma história escrita à caneta. Muitas vezes erramos e riscamos aquilo. Por mais que fique marcado, o que importa no fim das contas é o que está escrito.
            — Mestre! — Marky se aproxima — Então é aqui que estava. Veio falar com a senhorita Bianchi.
            — Apenas uma pequena visita.
            — Senhorita Bianchi... Estarei aguardando. Lembre-se do nosso desafio hoje à noite.
            — Desafio? — pergunto.
            — Sim. Nós duas estamos treinando artes marciais no mesmo local e hoje é o dia da nossa competição — diz Bianchi.
            — Algo que combina com vocês duas com certeza — dou algumas risadas — Aliás, estou de carro. Querem ir comigo?
            — Err... O quê? — pergunta Bianchi meio desconcertada.
            — Mestre? Tem certeza disso?
            — Brincadeira! Que vença a melhor! Nos vemos logo.

            Marky e Bianchi estavam se dando bem e isso me deixava feliz. Elas tinham uma rivalidade saudável e que ainda poderia render de pano de fundo para muita coisa. Uma amizade ou um romance? Bem, estou usando minha imaginação demais hoje.

            Mal saí dali e vi que Lucas estava me esperando ao lado do meu carro.

            — Como anda meu amante preferido?
            — Ah, é você palhaço anão. O que quer?
            — Tenho uma missão para você, quero dizer, nós.
            — Uma missão?
            — Isso mesmo. Está na hora do último virtuoso entrar em ação novamente!
            — E pode contar com a minha ajuda — James aparece me abraçando sabe-se lá de onde.
            — James!
            — A minha também — Amanda empurra James e fica ao meu lado.
            — Mestre, ouvi o que o senhor Turatti acabou de falar. Conte comigo para o que precisar.
            — Mas Marky e sua competição hoje?
            — Se ela faltar, eu me sentirei no dever de ajudar nessa missão com vocês também — diz Bianchi.
            — Ora, ora senhor virtuoso popular. Veja a quantidade de pessoas em sua equipe agora. Assim eu fico até com ciúmes de você — ri.
            — Fica nada, bobão!

            Todos riram juntos. Depois de muito tempo consegui enxergar algo. Nem todas as pessoas são desprezíveis e donas de um coração ruim. Acho que tive a infelicidade de conhecer alguém assim e isso me machucou muito. Até hoje enxergo as cicatrizes, mas não sinto mais dor. Consigo sorrir novamente e não deixo mais os meus sentimentos instintivos de virtuoso se unir com toda aquela raiva que eu sentia. Olho para o céu e acredito que aquele anjo que perdi sorri ao ver que finalmente aprendi a lição. Aprendi a dar valor à minha vida e a ser feliz. Aprendi a dar uma chance para o amor. Mesmo que ainda me deixe em dúvidas... Qual deles conquistará o meu coração completamente? Creio que terei muito a conhecer de James e Amanda ainda nesses próximos dias e nas próximas aventuras da vida.

            Certo dia na penitenciária de alta segurança da cidade, Phillip estava emburrado dentro da cela e de repente um agente penitenciário misterioso aparece com um pacote azul listrado.

            — Presente para você.
            — Pra mim? E por acaso alguém ainda se lembra de mim?
            — Enviaram isso aqui — olha firmemente nos olhos dele e entrega o pacote.
            — Me dá isso aqui cara ridículo — puxa o pacote sem nem agradecer — Será que é um celular ou alguma coisa que possa me ajudar a fugir desse lugar horroroso? — imagina.

            O agente se retira lentamente e Phillip abre o pacote todo esperançoso. Dentro havia uma carta e um vibrador azul.

            “Esse presente pode te ajudar a escapar desse mundo por alguns instantes... Que todo mal feito por você se reverta em bondade e que seus dias tornem-se mais virtuosos.”

            — Maldito! — amassa a carta e joga para longe a caixa com o vibrador — Insuportável!

            Alguns “bipes” começam a ecoar pela cela. Era como se sinalizassem uma contagem regressiva. Phillip acha aquilo muito estranho e tenta procurar o local onde o som estava vindo. Para a sua surpresa, ele estava na caixinha. O rapaz mal teve tempo de pensar e uma grande explosão invade sua cela. O agente misterioso caminhava pelo corredor e sorri ao ouvir o barulho da explosão. Seus olhos brilham num azul intenso dignos de um último virtuoso.


FIM

Bom, é com muito prazer que encerro essa jornada que foi escrever "O Último Virtuoso". Uma história que surgiu da personificação dos sentimentos e que foi indo conforme a inspiração fluía, mescladas sempre ao contexto de uma realidade fictícia e real ao mesmo tempo. Espero que tenham gostado e nos veremos em outras próximas histórias. Muito obrigado!

Arthur.

Nenhum comentário:

Postar um comentário